São Paulo – Fotos da vida de crianças e jovens refugiados no Oriente Médio podem ser vistas em Fortaleza, no Ceará, até o dia 18 de fevereiro, na exposição “Infância Refugiada”. A mostra conta com 25 imagens feitas pela fotógrafa cearense Karine Garcêz, no território palestino da Faixa de Gaza e também na Síria, Líbano e Turquia.
Interessada por temas humanitários, Garcêz começou a estudar a questão dos refugiados durante sua graduação em Relações Internacionais. Os conflitos no Oriente Médio também passaram a fazer parte dos estudos da fotógrafa desde que ela se converteu ao Islamismo, há 12 anos.
Foi por causa da religião que Garcêz fez sua primeira viagem à região, em 2012, para realizar o Hajj, a peregrinação feita pelos muçulmanos à cidade de Meca na Arábia Saudita.
“Lá eu conheci o presidente da Al Wafaa, que é uma ONG de palestinos que vivem na Europa”, conta a cearense. Foi o presidente da ONG que a convidou para ir à Faixa de Gaza. “Fiquei 40 dias lá. Primeiro fiquei em um hotel e depois em casa de família. Fui fotografando, buscando informações. Fiz isso para os meus estudos de Relações Internacionais”, explica.
Em 2014, Garcêz voltou outras duas vezes ao Oriente Médio, passando pela Síria, Turquia e Líbano, países nos quais visitou campos de refugiados palestinos e sírios. “Durante esse período, eu percebi que as crianças eram as pessoas mais afetadas. Eram afetadas pela desnutrição e pela interrupção de seu desenvolvimento humano. Ao mesmo tempo, elas tinham um sorriso e brincavam, tentavam ser crianças”, destaca a fotógrafa.
“Ouvi depoimentos de crianças de oito, nove anos, dizendo que não se sentiam mais crianças porque precisavam trabalhar, pois seus pais tinham sido feridos na guerra”, conta Garcêz. Decidida a fazer algo por aquelas crianças, a brasileira teve a ideia de realizar uma exposição.
A maior parte do dinheiro para a mostra saiu do bolso de Garcêz, que também recebeu apoio de algumas pessoas e de uma instituição ligada à cultura e à educação para financiar o projeto. A fotógrafa conseguiu ainda importantes parcerias para seu trabalho, como a feita com alunos do curso de Arquitetura e Design da Universidade Federal do Ceará (UFC) para a transformação de uma das fotos em uma imagem 3D feita em madeira. “Isso tornou a exposição acessível às pessoas cegas. Elas podem tocar na foto”, aponta.
Já alunos do curso de Mídia da UFC criaram uma história em quadrinhos para a internet abordando a vida de duas meninas refugiadas. Na história, trata-se de temas como o assédio sexual e a importância da educação. Uma amiga artesã de Garcêz fez bonecas inspiradas nas meninas refugiadas que podem ser compradas por quem quiser ajudar aquelas crianças.
Entre os momentos especiais vividos por Garcêz em suas viagens ao Oriente Médio, ela se lembra da visita a uma escola da Organização das Nações Unidas (ONU), feita na Síria. “As crianças queriam tirar fotos em frente a umas paredes e eu tive que tirar as fotos que elas queriam. Só dessa escola, tenho mais de 700 fotos, que estou guardando para fazer um livro”, revela. No total, as visitas aos refugiados renderam mais de duas mil fotos à cearense.
Além das bonecas, há ainda imãs, cartões postais e marcadores de páginas feitos para promover a exposição. Os objetos podem ser comprados na exposição em Fortaleza e também pela internet, na página do Facebook https://www.facebook.com/refugeechildhood/?fref=ts.
“Com o dinheiro arrecadado, quero voltar [ao Oriente Médio] e comprar material escolar para as crianças. O foco [da exposição] é arrecadar fundos para a educação dessas crianças”, afirma Garcêz.
Serviço
Exposição Infância Refugiada
Local: Museu da Imagem e Som do Ceará
Av. Barão de Studart, 410 (ao lado do Palácio da Abolição)
Horário: de terça a sexta, das 9hs às 17h e aos sábados, das 13hs às 18h.
Até 18 de fevereiro
Entrada gratuita