Alexandre Rocha
São Paulo – De árabes para os árabes. Fundada em 1985 pelo libanês Moussa Tobias e seus irmãos, a Sukest Indústria de Alimentos e Farma fabrica refresco em pó, chicletes e balas em Bauru, no interior de São Paulo, e hoje exporta parte de sua produção, inclusive para alguns países árabes.
A atuação mais constante da empresa no mercado exterior é recente, tem cerca de dois anos, e ainda é pequena se comparada com a quantidade de mercadorias que deixa anualmente suas quatro unidades fabris. Mas há planos de aumentar as vendas externas, também para os países árabes.
Moussa construiu uma bem-sucedida carreira empresarial, iniciada em 1959 quando veio do Líbano para Bauru, cidade onde se tornou bastante conhecido. E morreu um dia após o Natal, em 26 de dezembro do ano passado, vítima de um câncer que o assolava há cerca de um ano e meio (ver matéria abaixo).
Quem assumiu o comando da empresa foi Venicius, de 37 anos, um de seus três filhos, que exerce o cargo de diretor-executivo. É ele quem falou à ANBA sobre as atividades da companhia.
“Nossas exportações ainda são pequenas, pois ainda temos alguns buracos para tapar aqui no mercado interno, para depois avançar. Mas não deixamos de olhar com carinho para fora, pois a médio prazo a empresa vai ter essa necessidade”, afirmou Venicius. De acordo com ele, a companhia ainda não tem um departamento de comércio exterior estruturado e trabalha com tradings.
Produtos e mercados
Além dos refrescos, gomas de mascar, balas e drops, a Sukest fabrica também a matéria-prima para alguns desses produtos, como a base para chicletes e acidulantes para refrescos.
As exportações representam, segundo Venicius, 4% da produção de refrescos, entre 2,3% e 2,4% da de chicletes, 1,5% de balas e drops, 28% de base para goma de mascar e entre 13% e 14% de acidulantes.
Entre os mercados para os drops e balas estão a Rússia, a África e a América do Sul. Chicletes são embarcados para o Oriente Médio, principalmente para os países árabes, e para a América do Sul; refrescos vão para o Caribe, Cuba, África e Arábia Saudita, sendo que neste último são comercializados sob uma marca local, a High Fruit. E os acidulantes e bases são vendidos para a América do Sul, Rússia e África.
“No Oriente Médio eles mascam muito chiclete e consomem refrescos também”, disse Venicius. No caso desse último produto, porém, a empresa encontra alguma dificuldade de inserção no mercado árabe. Isso porque, segundo ele, o consumidor por lá tem preferência por mercadorias acondicionados em potes de vidro, não em saquinhos e, neste momento, o custo desse tipo de embalagem tornaria o suco Sukest pouco competitivo no mercado árabe.
Venicius esclarece que as mercadorias produzidas em sua empresa geralmente não são exportadas a granel, os produtos finais saem da fábrica já embalados, mesmo que não sejam comercializados com as marcas da empresa, pois sofrem muito com a umidade.
Planos
Apesar do mercado interno ser hoje o centro das atenções da empresa, ela já traça algumas estratégias de comércio exterior. No final deste mês, mais tardar início do próximo, começará a ser produzida uma nova linha de chicletes de bola chamados de “drageados”, aqueles que têm uma espécie de casquinha.
Foram investidos, de acordo com Venicius, US$ 5,8 milhões nos últimos dois anos na construção dessa nova linha que, no front interno, tem como objetivo fazer frente à argentina Arcor no segmento de produtos voltados para o público infantil. Na área externa, a Sukest vai tentar emplacar a nova goma de mascar nos mercados do Oriente Médio.
Os planos de ampliação do comércio exterior envolvem também o setor de balas e drops. Segundo Venicius, este segmento é “muito prostituído” no Brasil e o faturamento com ele, no mercado interno, não é nem suficiente para pagar os custos de produção. “A idéia é que em dois anos, até o final de 2005, toda a nossa produção da unidade de ‘candys’ seja colocada para o mercado externo”, disse ele.
Dois mercados que a empresa estuda com interesse são os do Canadá e Estados Unidos. Nesse ponto, ele acredita que a empresa será beneficiada pela tecnologia que detém de fabricar balas com um furo no meio, que deixa o ar passar em caso de ingestão acidental, evitando a asfixia.
Consumo interno
A Sukest detém uma série de marcas, sob as quais seus produtos são comercializados, mas também fabrica para terceiros. Entre as marcas da empresa estão o próprio nome Sukest, Suks, Spin e Max, estampados em refrescos; chicletes Spin e Spish; balas Circus e Multi C Bad Boy (em associação com a marca de produtos esportivos), bala chiclete Spin Ball e drops Colorê e Multi C.
Para terceiros, a empresa vende para as marcas próprias do Carrefour, da rede Sonae e da Pepsico. Vende também uma linha de sucos instantâneos para refeitórios coletivos, bares e restaurantes, além da matéria-prima que é vendida para seus próprios concorrentes.
Produção
Segundo Venicius, saem anualmente das quatro unidades da Sukest (todas localizadas em Bauru) 14,2 mil toneladas de balas e drops e 21,6 mil toneladas de chicletes (sem contar a nova linha de drageados). Mensalmente são fabricadas 309 toneladas de acidulante e 215 toneladas de base para chicletes, além de pó suficiente para 488 milhões de litros de refresco.
A Sukest é uma companhia por cotas de responsabilidade limitada, tinha como sócios até pouco tempo Venicius e seu pai, Moussa. O executivo prefere não dizer qual é o faturamento da empresa, mas informa que ele emprega 309 pessoas em serviços internos e outras 215 em externos.