Alexandre Rocha
São Paulo – A Mate Couro, fabricante de refrigerantes de Belo Horizonte, quer expandir suas fronteiras para bem além de Minas Gerais. A empresa, que foi franqueada da Pepsi-Cola entre 1955 e 1979 e da Antártica entre 1980 e 2003, começou a exportar no início do ano para a costa leste dos Estados Unidos e já está de olho nos mercados da China e dos países árabes.
O principal produto da fábrica é o refrigerante que leva o mesmo nome, feito a base de erva mate, folhas de chapéu de couro, uma outra erva “tropical”, e extrato de guaraná. Originalmente com a produção destinada basicamente à região metropolitana de Belo Horizonte, no segundo semestre de 2002 a empresa desenvolveu, com o auxílio da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) e da Fundação Dom Cabral da PUC-MG, um projeto de implantação de uma política de exportações.
Este ano, segundo seu diretor de negócios internacionais, Ricardo Savassi Biagioni, a companhia já embarcou seis contêineres de refrigerantes para os EUA. Cada contêiner tem capacidade para 30 mil unidades de 350 ml, de acordo com o executivo, o que equivale a cerca de US$ 8 mil.
Ainda é pouco, mas Biagioni garante que a empresa adotou o comércio exterior como estratégia. Prova disso é que em outubro ele participou de uma missão comercial promovida pela Apex e pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB) à Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Kuwait.
Lá travou contato com a rede Al Aizizia Panda, empresa saudita líder do setor de supermercado no país. “Nós levamos o produto, fizemos degustações e houve boa aceitação”, disse o executivo.
Inicialmente Biagioni pretendia vender os produtos (Mate Couro e guaraná) acabados e engarrafados aos árabes. No entanto, a mercadoria chegaria às prateleiras mais cara do que os refrigerantes dos concorrentes, perdendo competitividade.
“A viagem foi interessante e serviu para que mudássemos nossa estratégia de abordagem para aquele mercado”, afirmou o executivo. A opção encontrada para baratear o produto foi a exportação do “concentrado” (xarope) para ser engarrafado e distribuído no local. Segundo Biagioni, os próprios executivos da Panda sugeriram a empresa Aujan para executar esses serviços. A Mate Couro agora espera um retorno dos contatos feitos na ocasião.
“Tivemos bons contatos por lá sobre isso, mas eles ainda não tiveram desdobramento”, afirmou Biagioni. Apesar das dificuldades, ele disse que os países árabes interessam à empresa que vai continuar buscando estes mercados.
Outros mercados e produtos
Por outro lado, o executivo disse que existem “negociações avançadas” para entrar no mercado chinês. Segundo ele, a empresa participou da feira de alimento Sial em Xangai e conseguiu atrair um parceiro em potencial. Agora está desenvolvendo a marca e registrando os produtos em território chinês.
No próximo ano a Mate Couro pretende participar da Fancy Food, feira do setor de alimentos que será realizada em Nova York.
Além da estratégia de promoção internacional, após o fim do contrato com a Antártica, a companhia mineira decidiu ampliar sua linha de produtos e distribuição. Além do Mate Couro e do guaraná, hoje ela produz também refrigerantes de laranja, uva, limão e sabor cola.
Antes confinada a Belo Horizonte, Biagioni disse que a empresa já distribui para praticamente todo o estado de Minas e pretende vender para o resto do país.
Perfil
A Mate Couro foi fundada em 1947 e o refrigerante de mesmo nome é fabricado desde aquela época. Sua capacidade de produção é de 31,2 mil litros por hora e ela emprega 220 funcionários.
No ano passado, segundo Biagioni, o faturamento foi de R$ 55 milhões. Com o rompimento do contrato com a Antártica a expectativa é que este ano o valor caia. “Mas nossa expectativa é de que em 2004 a empresa consiga recuperar seus ganhos”, concluiu ele.
Contato:
www.matecouro.com.br