Marina Sarruf
São Paulo – O diretor da Faculdade sudanesa ComputerMan (The Future), Abubaker Mustafa Mohd Khair, em jornada ao Brasil, assinou nesta segunda-feira (06), um acordo de cooperação com a Universidade de Brasília (UnB). As duas instituições vão promover intercâmbio de estudantes e professores, principalmente das áreas de tecnologia, como Engenharia de Computação, Ciência da Computação e Informação Tecnológica. Segundo Khair, a experiência vai começar no ano que vem. O acordo também engloba troca de tecnologia.
De acordo com Khair, um dos objetivos é fazer com que os estudantes conheçam um pouco mais da cultura de cada país. “A parceria vai além da parte acadêmica. É uma oportunidade para os estudantes se socializarem, conhecerem a música, a arte e o esporte locais”, afirmou. O diretor ainda visitou a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e pretende fazer o mesmo tipo de acerto com a instituição até maio do ano que vem.
“Queremos fechar todos os acordos antes da Cúpula (da América do Sul e países árabes) para apresentar aos chefes de estado todas as nossas cooperações”, completou Khair.
Khair, que chegou no Brasil no final de novembro, retorna ao Sudão no sábado (11). Ele visitou São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Rio Grande do Sul. “Estou muito feliz com a minha visita ao Brasil. Foi um sucesso. O Brasil tem muita experiência em tecnologia e eu não quero ver acordos só no papel, quero ver na prática”, disse Khair.
Segundo Khair, a geografia do Sudão e do Brasil é similar. Para começar as duas regiões possuem 26 estados, o clima é tropical, a terra varia de solos férteis a secos em alguns estados e o número de países vizinhos dos dois países é parecido. O Sudão possui nove e o Brasil dez. “Por isso, também queremos trocar experiências agrícolas”, explicou.
Esse foi um dos motivos da visita do sudanês à Agência Espacial Brasileira (AEB), em Brasília, e ao Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), em São José dos Campos, interior de São Paulo. Khair tem interesse na tecnologia brasileira de satélites. O sudanês quer levar informação sobre a tecnologia GIS (Sistema de Informação Geográfica), utilizada no Brasil, para ajudar no monitoramento hídrico, agrícola e populacional do Sudão. “O acordo que pretendemos assinar com o Inpe vai nos ajudar muito no Sudão”, disse Khair.
Um outro interesse de Khair está na tecnologia utilizada para o cultivo de flores, principalmente das rosas. “Fiquei impressionado com as flores do Brasil. São lindas”, disse. Segundo ele, estão sendo construídos dois centros de pesquisas com flores na Etiópia, um com sede em Nazret e outro na capital, Adis Abeba. As duas unidades fazem parte do projeto de expansão da ComputerMan, que assinou um acordo com o país para a implementação de duas filiais da faculdade sudanesa na Etiópia.
“Seria interessante para os empresários brasileiros produzirem flores no Sudão. Se nós temos o mesmo clima podemos transferir e juntar tecnologia para enriquecer nosso mercado, já que a Europa fica a cinco horas do Sudão. É bem mais perto para os empresários brasileiros exportarem”, explicou Khair.
A faculdade do futuro
A ComputerMan foi fundada em 1991 e tem estudantes do sexo feminino e masculino vindos de mais de 10 países. É a primeira faculdade especializada em computação e tecnologia do continente africano.
Em 2003, a ComputerMan expandiu seus cursos de graduação para Engenharia de Telecomunicação e Arquitetura e Design Interior. Atualmente, a faculdade possui acordos de cooperação e intercâmbio com a França, Itália, Estados Unidos, Etiópia, Tanzânia, Egito, Catar, além de outros países.
Com o plano de expansão, assinado com a Etiópia, a faculdade vai se chamar Faculdade do Futuro (ComputerMan) e vai aumentar o número de estudantes, que atualmente são cerca de 3 mil, para 7 mil.