Da Agência Brasil
Brasília – O mercado de cartões de crédito deverá faturar R$ 82,7 bilhões este ano, um crescimento de 19,4% em comparação com 2002. Segundo o estudo Indicadores do Mercado Brasileiro de Meios Eletrônicos de Pagamento do Grupo Credicard, o número de transações ultrapassará a marca de um bilhão (1,083 bilhão) até o final do ano.
O desempenho positivo dos cartões de crédito é devido à substituição de meios de pagamento, como o cheque, e aumento no número de portadores. Entre 1994 e 2003, as transações com cheque tiveram redução de 45%, enquanto, no mesmo período, as compras com cartão de crédito aumentaram 423%. A expectativa é que o total de cartões em circulação no país alcance 42,1 milhões em dezembro, sendo que em janeiro o número era de 40,6 milhões.
O faturamento do mercado de cartões de crédito em dezembro deverá chegar a R$ 9,1 bilhões, com expansão de 15,1%, em comparação com dezembro do ano passado. Com as compras de Natal, as transações deverão chegar a 108 milhões, com uma compra média de R$ 84,00.
No entanto, o professor especialista em finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB), José Matias Pereira, orienta os consumidores quanto aos cuidados com as compras de final de ano. “Ninguém desconhece que o cartão de crédito é seguro e confortável, mas é preciso se preocupar com os juros altos, quase extorsivos. Ao receber o 13° salário e antes de realizar as compras de final de ano, o consumidor deve sair do vermelho e pagar as dívidas”, afirma Matias.
Segundo o professor, o consumidor deve se preocupar com o controle das finanças pessoais e evitar rolar a dívida do cartão, sempre quitando o débito na data de vencimento. Isto porque os juros dos financiamentos são altos, em comparação com a inflação que está em 0,5% ao mês.
Os juros do cartão de crédito estão em 10,22% ao mês, enquanto que o índice é de 220% ao ano. Já os juros do empréstimo pessoal estão em 12,88% ao mês, o que corresponde a 325% ao ano. Já o cheque especial tem juros de 8,7% ao mês e 172% ao ano.
O estudo do Grupo Credicard revela ainda que o cartão de crédito está sendo muito utilizado como meio de financiamento, em substituição às outras operações de crédito disponíveis, como cheque especial e crédito pessoal. Em 2001, a participação dos cartões era de 7,9% desse total e deverá chegar a 11,4% em 2003. De 2001 a 2003, o cheque especial caiu 1,9 ponto percentual na participação e o crédito pessoal teve expansão de 1,2%.
No entanto, em comparação com outros países, o Brasil tem ainda um baixo índice de alcance do cartão de crédito na população economicamente ativa. Enquanto nos Estados Unidos esse alcance é de 91% (dado do final de 2002), no Brasil o índice é de 36%.
Matias Pereira explica que a expansão do uso de cartões e também da abertura de contas correntes se deve a uma ampliação de acesso a esses instrumentos por meio da redução no limite de renda exigido pelos bancos e empresas de cartão de crédito. “No mundo inteiro, o sistema financeiro descobriu um filão que é a população de baixa renda”, afirma.
Outro fator que motivou a expansão do uso do cartão são as compras pela internet. Segundo o estudo, a previsão é de que as transações on-line deverão representar 80% do total, somando 1,020 bilhão.