Damasco – A cerimônia de abertura da 61ª Feira Internacional de Damasco foi realizada na noite desta quarta-feira (28) no centro de exposições da capital síria, e a mostra será aberta ao público nesta quinta-feira com participação do Brasil organizada pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e pela embaixada do País na Síria.
“A feira tem a maior participação internacional desde sua primeira edição, em 1954, com 48 países”, disse o secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, que acompanhou a abertura com o presidente do conselho de administração da entidade, Walid Yazigi, e o diretor Sami Roumieh.
Mansour destacou a forte presença de países árabes como os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Omã, Jordânia, Egito e outros. “Isso demonstra como o mundo árabe começa a voltar os olhos para a Síria como potencial mercado para exportações, importações e investimentos”, destacou.
A mostra multisetorial é anual, mas deixou de ser realizada depois de 2011, quando eclodiu a guerra civil no país, e voltou a ocorrer em 2017. “O Brasil participa da feira desde que ela voltou a acontecer, o País e a Câmara Árabe estão presentes”, comentou o embaixador brasileiro em Damasco, Fabio Vaz Pitaluga, que assistiu à cerimônia, assim como o ministro conselheiro da embaixada, Luiz Felipe Rosa Santos.
O estande do Brasil fica no Pavilhão 10 da feira e está sob os cuidados da coordenadora de eventos da Câmara Árabe, Tâmara Machado. Lá, os visitantes poderão obter informações sobre o País e apresentar suas demandas, que serão encaminhadas para empresas associadas à entidade. Estão em exposição amostras de mármores e granitos da companhia brasileira Imetame.
“É positiva a participação da Câmara Árabe, os sírios com certeza estão muito contentes com nossa presença (do Brasil) aqui”, observou Pitaluga. Mansour, por sua vez, agradeceu a parceria com a embaixada. “A embaixada trouxe mais uma vez a bandeira do Brasil junto com a Câmara Árabe para mostrar aos empresários da Síria a importância deste país para as empresas brasileiras”, ressaltou.
O embaixador lembrou que o pico do comércio bilateral ocorreu em 2010, antes da guerra, com quase US$ 600 milhões de corrente comercial, quando o presidente da nação árabe, Bashar Al Assad, visitou o Brasil. De lá para cá, os negócios caíram muito, ficando em pouco mais de US$ 60 milhões no ano passado, centrados principalmente em exportações brasileiras de café e açúcar.
“Nossos empresários continuam a conversar, o comércio continua a existir, eles têm encontrado formas de conversar. Os números do primeiro semestre [de 2019] mostram um pequeno avanço”, afirmou Pitaluga. Nos seis primeiros meses deste ano, o comércio bilateral chegou a US$ 37 milhões, um aumento de 18,5% sobre o mesmo período de 2018, segundo dados da Câmara Árabe.
O diplomata acrescentou que o Brasil têm interesse em participar da reconstrução da Síria e é considerado pelos sírios um país amigo. Nesse sentido, é importante as empresas brasileiras se fazerem presentes na nação árabe no início deste processo. Segundo ele, o Brasil é considerado um parceiro prioritário pelos sírios nesta questão. Ele acrescentou que uma nova lei de investimentos está para ser aprovada, com o intuito de atrair investimentos estrangeiros e locais.
Espetáculo
O primeiro-ministro Imad Khamis fez o principal discurso da cerimônia de abertura em nome do governo sírio. Sami Roumieh observou que Khamis convidou empresas árabes e internacionais a investir na Síria e que o país está receptivo aos negócios.
O evento contou com uma série de espetáculos de música e dança, da Síria e de outros países como China, Irã e Rússia, vídeos e imagens de edições passadas da feira e atuais, tudo amarrado por uma narrativa simulando uma conversa entre um avô e seu neto.
“Esta feira internacional foi aberta por um show que parecia uma apoteose, com efeitos luminosos e de som que tiveram inspiração no Cirque du Soleil. O motivo foi a [antiga] Rota da Seda, por onde mercadores da China vinham para Damasco passando pela Índia, Irã, Rússia e depois Damasco, que tem uma localização geográfica no ponto de união entre o Ocidente e o Oriente”, contou Walid Yazigi.
As imagens e vídeos de edições passadas mostraram a passagem de artistas de grande popularidade no mundo árabe na mostra, como as cantoras Umm Kulthum, do Egito, e Sabah, do Líbano, e os cantores Abdel Halim Hafez, do Egito, Fahd Bellan e Sabah Fakhiri, da Síria.
“Vimos como tocou os sentimentos o vídeo exibido no início. Esta é a primeira feira internacional do Oriente Médio e do mundo árabe, e ganhou espaço como pioneira”, observou Roumieh. Ele ressaltou que a mostra reúne comércio e cultura, e que o espetáculo apresentado na noite desta quarta é um “privilégio” frente “aos acontecimentos dos últimos anos desta crise” no país.
“A história da feira une comércio e cultura, e este é um dos diferenciais deste evento”, comentou Roumieh. “E no final apresentaram uma mensagem de paz de Damasco para o mundo”, acrescentou. “De Damasco para o Mundo” é o slogan desta edição da feira.
*A estadia da reportagem da ANBA ocorre a convite do Ministério do Turismo da Síria