Geovana Pagel
São Paulo – A 37ª Feira Internacional do Cairo – a Cairo International Fair -, principal evento de negócios do Egito, começa hoje (17), a partir das 10 horas (5 horas no Brasil). A feira, que vai até o dia 26 de março, é considerada uma importante fonte de divulgação do Brasil no Egito, que é hoje a segunda maior economia dos países árabes e também o principal mercado para produtos brasileiros na região. Uma empresa brasileira já fechou os primeiros contratos de negócios.
A feira do Cairo, que em 2003 recebeu cerca de 1 milhão de visitantes, é voltada para a comercialização de produtos e serviços como materiais de construção, relógios, computadores, cosméticos, produtos eletroeletrônicos, calçados, móveis, presentes, jóias, itens de decoração, produtos de couro, farmacêuticos, plásticos, de borracha e esportivos, máquinas agrícolas, equipamentos e autopeças.
A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB) participa da feira multissetorial desde 1997. Em entrevista à ANBA por telefone, do Cairo, o secretário-geral da entidade, Michel Alaby, afirmou, otimista, que “existem boas possibilidades de negócios para os brasileiros que estão expondo na feira”.
Exemplo disso, segundo Alaby, é o fato de uma das empresas brasileiras que participam do evento já ter fechado os primeiros negócios antes mesmo da abertura da feira para a visitação do público. A abertura oficial ocorreu na noite de ontem (16) e contou com a presença do primeiro-ministro do Egito, Atef Obeid.
O Brasil está representado por dois estandes. Um da Câmara Árabe-Brasileira e outro da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), que vai contar com o apoio da Agência de Promoção das Exportações do Brasil (Apex).
No estande da CCAB estão quatro empresas: Tigre – tubos e conecções; Criogen, que fabrica tanques e recipientes para gases comprimidos e liquefeitos; Ataforma – moldes e extratores para sorvete, alinhadores de palitos; Sansuy – plásticos. O espaço da Câmara Árabe na feira também está divulgando mais nove empresas brasileiras que terão catálogos de produtos expostos no estande.
O presidente da Apex, Juan Quirós, viaja para o Cairo no próximo dia 24, onde cumprirá uma agenda paralela à feira. Segundo informações da assessoria de imprensa da agência, ele se reunirá com representantes da Egyptian Businesman Association (EBA) e com o ministro do Comércio Exterior do Egito, Youssef Boutrus Ghaly.
“Mais uma vez estaremos representando empresas brasileiras numa importante feira internacional. Desta vez num evento multissetorial”, comentou Quirós.
Parcerias industriais
O cônsul comercial do Egito em São Paulo, Mohamad Bakry Agami, disse ontem à ANBA que a Feira Internacional do Cairo é o evento de negócios mais importante do Egito, e também o mais antigo. “É uma ótima chance para empresas de todo o mundo mostrarem seus produtos e também suas novas tecnologias”, afirmou.
Para o Brasil, segundo Agami, "é uma grande oportunidade de mudar a imagem do país. “A maioria dos egípcios não sabe, por exemplo, que o Brasil tem produtos de alta tecnologia. Também será o momento de buscar parcerias para cooperação industrial”, garantiu.
Vale destacar que a cooperação industrial é um projeto que vem sendo desenvolvido pelo governo egípcio e tem o objetivo de incentivar a formação de parcerias produtivas entre empresas do Brasil e do país árabe. Segundo Agami, o assunto foi discutido por Ghaly, em dezembro, quando ele esteve no Brasil.
De acordo com o cônsul, "é importante que o Brasil olhe para o mercado egípcio, não só com a intenção de vender produtos, mas também de investir e formar parcerias industriais". “É também um passo à frente na estratégia de diversificação de mercados” ressaltou.
Segundo Agami, a feira é uma oportunidade de mostrar produtos e estabelecer contatos. “Com certeza, as companhias brasileiras acharão empresas egípcias dispostas a fazer parcerias”, declarou.
Visita ao Brasil
Durante a feira do Cairo, representantes da CCAB também irão apresentar aos empresários egípcios estudos de mercado feitos pelo consulado em São Paulo em parceria com a Câmara. Esses estudos avaliam o potencial de vendas de 20 produtos no Brasil.
A intenção é apresentar o mercado brasileiro e também convidar esses empresários a visitarem o Brasil ainda neste ano. “Queremos, em parceria com a CCAB, trazer uma delegação de companhias do Egito ao Brasil ainda em 2004. Essas conversas começarão agora, durante a feira”, informou o cônsul.
Principal comprador
Além da importância da feira, os empresários brasileiros no Cairo também estão de olho no potencial do mercado local. Neste ano, as exportações para o país aumentaram quase 140% em janeiro e fevereiro, para US$ 120 milhões. Com isso o Egito, que era o terceiro maior comprador do Brasil na região, passou a ser o primeiro do ranking, em termos de receitas, seguido dos Emirados Árabes Unidos (receitas de US$ 82,7 milhões) e da Arábia Saudita (US$ 82,3 milhões).
O crescimento das vendas para o Egito também foi um dos destaques da balança comercial do agronegócio. De acordo com relatório divulgado pela Secretaria de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, os embarques de produtos agropecuários para o país aumentaram 220,5% nos dois primeiros meses de 2004.
Somente em janeiro, o Egito comprou 15,2 mil toneladas de carne bovina do Brasil, equivalentes a US$ 15,1 milhões. Com isso, o país foi o principal comprador do produto brasileiro em termos de quantidades e o segundo em termos de receitas cambiais.
Ainda em janeiro, o Egito comprou o equivalente a US$ 8,8 milhões em açúcar do Brasil, contra os US$ 4,5 milhões registrados no primeiro mês do ano passado. Na avaliação dos técnicos da CCAB, o aumento nas vendas de carne e açúcar é o principal fator que tem influenciado positivamente a balança do Brasil com o Egito.

