São Paulo – Cinema, literatura, teatro, música, dança, artes plásticas, contação de histórias, cordel, repente, arqueologia, fotografia, moda, gastronomia e intervenções artísticas fazem parte da programação do Festival Sul-Americano da Cultura Árabe que acontece em 26 lugares da capital paulista, e nas cidades de São José dos Campos, Santos e Campinas. As atividades começaram nessa quinta-feira (18) e seguem até o dia 31 de março.
Em São Paulo, o evento será realizado em espaços que são símbolos da cidade e do estado, como o Conjunto Nacional, Sesc (várias unidades), Livraria Cultura (várias unidades), Instituto Cervantes, Auditório Ibirapuera, Masp, Teatro Capobianco, Hospital Sírio Libanês, clubes árabes, centros culturais e cineclubes. Muitas atividades estão concentradas na Avenida Paulista, mas a Mostra de Cinema, por exemplo, será realizada no Jardim Angela e no Capão Redondo.
De acordo com o professor de literatura árabe Paulo Farah, que está à frente da organização do festival, o evento, que levou nove meses para ser preparado, pretende refletir sobre as manifestações culturais árabes e as contribuições dos imigrantes. “Nesse ano o Brasil celebra 130 anos do início da imigração árabe. Hoje, mais de 12 milhões de árabes e descendentes vivem no país e contribuem cultural, econômica e politicamente. Apenas em São Paulo são cerca de 2,5 milhões de pessoas. Em outros países da América do Sul, a presença árabe também é expressiva”, destaca Farah.
Segundo ele, a intenção é fortalecer o vínculo entre a América do Sul e os países árabes “com base no respeito à diversidade cultural e nos laços históricos e culturais, além de incentivar a cultura da paz por meio da aproximação dos povos”, afirma o professor.
Entre os destaques da programação, Farah citou o grupo Ajuh (Faces), da Síria, que tem entre os integrantes Kinan Adnawi, eleito o melhor alaudista do mundo árabe em 2009, num concurso realizado em Beirute em 2009. Eles farão três apresentações na capital paulista. A primeira será no dia 25 de março, às 18h, na BibliASPA; a segundo no Vão do Masp, no dia 27 de março, às 16h, e o terceira, no dia 28 de março, no auditório do Ibirapuera, às 11h, com o músico André Gereissati.
Entre as 12 exposições previstas na programação do festival está a mostra “O cotidiano dos países árabes em aquarelas”, do artista Nilton Bueno, que poderá ser visitada na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, de 20 a 31 de março. As aquarelas retratam cenas do dia-a-dia dos 22 países árabes, como um vendedor de quadros e tapetes no mercado na Argélia, e fiéis numa mesquita na Síria, por exemplo. As aquarelas foram feitas a partir de fotos clicadas por Paulo Farah durante viagens para pesquisa de campo. “São fotos que retratam a realidade de cada país e tiradas ao longo de pelo menos 10 anos”, conta Farah.
No dia 25 de março, instituído como o Dia Nacional da Comunidade Árabe por lei federal, a cidade de São Paulo ganhará um novo espaço de cultura e pesquisa. Localizado na Rua Baronesa de Itú, 639, trata-se do Centro de Cultura e Pesquisa Árabe-Sul-Americano. O local terá Espaço BibliASPA, bibliotecas com acervo bibliográfico e multimídia, centro de documentação, salas de pesquisa, editora, sala de restauro, museu e salas de exposição e cursos. “Durante o festival o espaço BibliASPA abrigará apresentações, palestras, debates, exposições, lançamentos de livros e mostras de cinema e teatro”, desta Farah.
De acordo com Farah, a data do festival não foi escolhida por acaso. Criada em 1859, a rua 25 de março logo congregou sírios, libaneses, palestinos, iraquianos, egípcios e jordanianos, entre outros.
O festival é promovido pelo Centro Cultural Árabe-Sul-Americano: Espaço BibliASPA, com o apoio do governo federal, dos Ministérios das Relações Exteriores e Cultura, da Unesco, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
Dos edifícios que falam
A exposição fotográfica “Alhambra ou Dos edifícios que falam, da chilena Patricia Osses, aberta oficialmente na noite de ontem (18), no Instituto Cervantes, marcou o início das atividades do festival. O ensaio fotográfico foi realizado em 2001 no interior do Palácio de Alhambra, em Granada, Espanha, construído no século XIII, durante a presença árabe na peninsula ibérica.
As fotografias revelam detalhes da arquitetura do luxuoso palácio mouro, de cúpulas e arcos com pontas, pátios sombreados e telhas brilhantes. Nas fotos de Patricia é possível visualizar janelas, vitrais, colunas e mosaicos árabes. Nas paredes são visíveis a rebuscada caligrafia árabe e belos mosaicos coloridos.
"Mais do que nos dar uma idéia clara e precisa do magnífico edifício, as imagens preferem trazer texturas e grafias, nuances de luz e sugestões de formas, aproximando o espectador da experiência de percorrer os espaços do palácio mouro", explica. "A proximidade das fotos foi proposital para dar a impressão de estar lá", completa.
Acesse a programação completa do Festival Sul-Americano da Cultura Árabe no site
www.festivaldaculturaarabe.org

