São Paulo – A Fundação Getulio Vargas (FGV), instituição de ensino brasileira, firmou nesta terça-feira (19) um memorando de entendimento com o Doha Forum, plataforma global de diálogo criada no Catar. Já como fruto dessa aproximação, foi promovido no Auditório da FGV em São Paulo, logo após a assinatura, um debate entre representantes do Brasil e do Catar, o que é justamente um dos focos do acordo.
O memorando foi firmado pelo gerente internacional da FGV, Klaus Freitas Stier, e pelo diretor-executivo do Doha Forum, Mubarak Ajlan Al-Kuwari. A discussão realizada na FGV funcionou como sessão do Doha Forum, algo realizado pela plataforma por meio de parceiros. O Doha Forum ocorre em dezembro no Catar.
“Temos esse tipo de memorando de entendimento com diferentes parceiros ao redor do mundo para nos ajudar a criar os painéis e abordar os tópicos relacionados a questões urgentes, como o que importa para o Brasil e para a FGV. Eles criam o conteúdo com base no que consideram adequado para a região”, disse Al-Kuwari à ANBA. Segundo ele, os pilares do trabalho do Doha Forum são diversidade, diplomacia e diálogo.

No fórum no Catar, a FGV pretende levar uma delegação brasileira para participar da discussão. “Acreditamos que esta seja uma cooperação muito frutífera e importante”, disse Stier para a ANBA sobre o acordo, destacando a oportunidade de promover, por meio do Doha Forum, a discussão de questões internacionais importantes para a América Latina, o Brasil e o mundo, e o diálogo bilateral entre governos.
Falaram no encontro o chefe da Qatar Investment Authority (QIA) Advisory EUA, Mohammed Al-Mannai, o diretor para o Brasil do Eurasia Group, Silvio Cascione, o ex-embaixador do Brasil em Washington e Londres, Rubens Barbosa, e o diretor de Planejamento e Estruturação de Projetos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nelson Barbosa, com mediação do vice-diretor da Escola de Relações Internacionais da FGV, Matias Spektor.
Tendo em vista a missão do Doha Forum, de reunir vozes diversas para enfrentar os desafios mundiais mais urgentes, foram pauta do diálogo “Investment Opportunities in a Disrupted Global System: Qatar/Brazil in 2025 and Beyond” desde os critérios adotados pela QIA para escolher onde investir, até os investimentos do BNDES, o contexto político atual do Brasil, e as mudanças recentes no cenário internacional com as tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos, do presidente Donald Trump.
Al-Mannai, do fundo soberano do Catar, deu sua visão sobre o Brasil. “Quando penso no Brasil ou na América Latina, há algumas coisas que me vêm à mente realmente muito interessantes. Acho que a primeira são os dados demográficos positivos que você vê, seja a adaptação de alta tecnologia, seja uma população crescente e sistemas educacionais mais fortes. Tudo isso gera inovação, tudo isso gera um consumo doméstico muito forte, o que é muito positivo para áreas como fintech, como marketplaces”, disse.
Assim como os investimentos, as mudanças geradas pela nova posição dos Estados Unidos também tomaram boa parte do debate. “Tudo o que aprendemos e discutimos desde o fim da guerra até janeiro deste ano acabou. Estamos iniciando uma nova era com Trump. Tanto na economia, na economia mundial quanto na ordem internacional”, disse o ex-embaixador Rubens Barbosa. Ele disse que o Brasil precisa encontrar novas oportunidades e citou o comércio com os países do Golfo como uma delas.
O encontro na FGV contou com apoio da Embaixada do Catar no Brasil e do Consulado do Catar em São Paulo. Além dos palestrantes, também participou a delegação do Catar, assim como um grande número de brasileiros, com auditório quase lotado. A Câmara de Comércio Árabe Brasileira esteve presente por meio da diretora Suzana Chohfi e da diretora de Relações Institucionais, Fernanda Baltazar.
Leia também:
Catar retira restrição ao frango brasileiro


