São Paulo – O novo filme de Karim Aïnouz, O Marinheiro das Montanhas, será exibido na mostra Sessões Especiais do Festival de Cannes, conforme anúncio feito pela organização do evento nesta quinta-feira (03), em que foram divulgados os filmes que estarão em sua seleção oficial e nas demais mostras. O festival acontece de 06 a 17 de julho. O diretor brasileiro argelino já ganhou o prêmio Um Certo Olhar do Festival de Cannes em 2019 pelo longa A Vida Invisível de Eurídice Gusmão.
Em O Marinheiro das Montanhas, Aïnouz conta a história de seus pais. Em um diário de viagem, ele documenta a história de amor e separação entre a brasileira Iracema e o argelino Madjid, desde o romance que começa nos Estados Unidos, onde se casaram, os dias felizes que passaram juntos e uma caixa de slides com as memórias desses momentos, até a viagem só de ida de Madjid à Argélia. Iracema voltou para Fortaleza sozinha e grávida. Karim Aïnouz nasceu no Ceará e cresceu sem o pai, que hoje tem 80 anos. Sua mãe nunca se casou novamente. Aïnouz conheceu o pai aos 20 anos, em Paris, e em 2019 visitou a Argélia pela primeira vez, junto com seu pai, onde foi realizado o filme.
“Estou bem feliz com um filme tão íntimo em uma vitrine tão importante!”, disse Aïnouz à ANBA nesta sexta-feira (04), por mensagem de texto. O título, O Marinheiro das Montanhas, foi escolhido por unir mar e rocha, que representam sua mãe, que era bioquímica e estudava algas, e seu pai, que vem das montanhas.
Em entrevista em 2019, após ganhar o prêmio Um Certo Olhar, Aïnouz já fazia planos de realizar o filme. “Eu acho que tem uns cinco filmes que eu preciso fazer antes de morrer, e este é um deles. (…) Porque é uma história muito bonita, muito livre, que fala de um momento histórico onde tudo era possível, um argelino encontrar uma cearense, entende? É um filme sobre um momento onde existiam muitas possibilidades”, disse à ANBA na época. O título provisório Argelino por Acidente, dado em 2019, se tornou O Marinheiro das Montanhas. Leia a entrevista completa aqui.
Na competição, não há filmes brasileiros. Entre os 24 títulos indicados à Palma de Ouro, apenas um é árabe. O Casablanca Beats, de Nabil Ayouch, do Marrocos. Confira a lista completa no site do festival.
O 74° Festival de Cannes era para ter acontecido no ano passado, mas foi adiado por causa da pandemia. O cineasta Spike Lee presidirá o júri da edição deste ano, que contará com testes para detectar possíveis infectados pela covid-19, além de tendas que promoverão a vacinação dos presentes.
Karim Aïnouz retratou a realidade argelina em seu último filme, o documentário Nardjes A., exibido no Festival de Berlim de 2020, sem estreia prevista no Brasil. No filme, ele retrata uma jovem ativista em meio à chamada Revolução dos Sorrisos, na Argélia, em 2019.
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