São Paulo – Para Eric Motjer (ao centro a imagem acima), cineasta que dirigiu o longa Beirut – La Vie en Rose, o fato de o documentário entrevistar pessoas da alta classe libanesa expõe uma imagem diferente do país. “Nós, que somos mais jovens conhecemos o Líbano pela mídia. Como se caíssem bombas todos os dias, e não é assim. De certa forma, o filme provoca nesse sentido. Para mim era muito importante brincar com o espectador e tentar levar ele para essa bolha”, afirmou o diretor em bate-papo virtual promovido pela Mostra Mundo Árabe de Cinema em Casa, que tem a obra sua programação virtual.
A conversa foi transmitida ao vivo nesta sexta-feira (04) e, além de Motjer, participaram do debate Roberto Khatlab, diretor do Centro de Estudos e Culturas da América Latina da Université Saint-Esprit de Kaslik (USEK), do Líbano, o professor Salem Hikmat Nasser, doutor em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP) e professor de Direito na Faculdade Getúlio Vargas, além de Eduardo Mossri, bacharel em interpretação pela Escola de Comunicações e Artes da USP, que produz e interpreta no espetáculo Cartas Libanesas. A mediação do diálogo foi feita por Natália Nahas Carneiro Maia Calfat, cientista social, doutoranda em Ciência Política pela USP.
O filme de Motjer mostra o estilo de vida luxuoso das elites em meio à situação de instabilidade do país, com três personagens representando a classe alta cristã e que parecem evitar o contato com a realidade em que estão imersas.
Questionado por Mossri sobre a contradição exposta no filme e trazida no próprio título, o diretor explica no processo da obra. “O que me interessava nos personagens é que eles estavam relacionados a alguma coisa que cada vez o país tinha menos. Que parecia menos a sua realidade. Não sei se me atreveria a dizer que é uma elite em decadência, porque eles continuam tendo poder, mas sinto que menos que antes. É verdade que poderia ter sido uma elite de outra comunidade, mas neste caso eu acho que foi [escolhida] a elite cristã, de uma perspectiva cinematográfica e filosófica, pelo que representava”, afirmou o cineasta.
O diretor explicou, ainda, que o documentário trouxe um ponto de vista de aproximação com a realidade dos entrevistados. “Vamos provocar o espectador. Não é um filme que você se sinta cômodo assistindo. Porque você se pergunta sobre o Líbano, e se essa realidade do documentário é real”, afirmou Motjer, que é diretor, documentarista e produtor formado na Universidade de Barcelona.
O bate-papo completo pode ser acessado no canal no Youtube do Instituto da Cultura Árabe (Icarabe), que organiza a Mostra. A 15ª edição do evento continua com filmes em cartaz de forma online até o dia 21 de setembro. A realização da mostra é do Icarabe com correalização do Sesc-SP e patrocínio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, e apoio do Instituto do Sono e da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras).
Serviço
Mostra Mundo Árabe de Cinema em Casa
De 28 de agosto a 13 de setembro
Plataforma da Mostra
Plataforma do Sesc
Grátis