São Paulo – Os Estados Unidos decidiram suspender parcialmente nesta sexta-feira (13) o embargo comercial ao Sudão que foi imposto em 1997 pelo então presidente Bill Clinton. Isso significa que o país árabe do Norte da África terá operações de comércio e investimentos liberadas com empresas e bancos norte-americanos. A decisão entrará em vigor em 180 dias.
Na época em que determinou as sanções, o governo Clinton considerava que o governo sudanês não tomava as medidas necessárias para combater o terrorismo e promover os direitos humanos em seu território.
Na ordem na qual determina o fim do embargo ao Sudão, o presidente Barack Obama afirma que a medida se deve ao fato de o governo sudanês ter realizado ações e políticas positivas nos últimos seis meses.
“Essas ações incluem uma redução expressiva de atividades militares ofensivas, culminando em um forte apelo para manter a suspenção das hostilidades em áreas de conflito no Sudão, e passos na direção da melhoria do acesso humanitário no território do Sudão, assim como uma cooperação com os Estados Unidos para lidar com os conflitos regionais e a ameaça do terrorismo”, afirmou Obama no documento divulgado pela Casa Branca.
Nesta sexta, Khalid Mustafa, conselheiro da embaixada do Sudão em Brasília, visitou a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, e comentou o assunto. “Isso ajuda muito a melhorar a relação do Sudão com os Estados Unidos e, se melhora a relação do Sudão com os Estados Unidos, melhora também a relação do Sudão com os outros países”, disse em entrevista à ANBA. Antes, Mustafa conversou sobre o tema com Michel Alaby, diretor-geral da Câmara Árabe.
O embargo norte-americano representava um entrave aos negócios entre o país africano e o Brasil, já que muitos bancos daqui não aceitavam cartas de crédito emitidas por instituições sudanesas para avalizar os negócios feitos com a nação árabe, em função das sanções. Para Mustafa, é importante que as empresas brasileiras estejam cientes da suspensão do embargo, o que deverá facilitar as exportações e os investimentos do Brasil no Sudão.
“A embaixada vai trabalhar em cima disso e a Câmara Árabe vai ajudar bastante para que todas as empresas saibam disso. A embaixada também vai avisar o Ministério das Relações Exteriores [do Brasil]”, afirmou o conselheiro.
Investimentos
Mustafa veio a São Paulo para destacar o interesse de seu país em atrair capital brasileiro na área agrícola. “O Brasil é um país desenvolvido nos campos da agricultura e na pecuária. Vim conversar sobre o investimento de empresários brasileiros no Sudão. O Sudão tem terra, água, matéria-prima, mão-de-obra e um clima parecido com o do Brasil para trabalhar. O Sudão oferece tudo que os empresários brasileiros precisam para investir lá dentro. O Sudão também é próximo aos países do Oriente Médio e isso ajuda o investidor a vender seus produtos”, destacou.
O diplomata afirmou ainda que a embaixada oferece o apoio necessário aos empresários brasileiros interessados em fazer negócios no país árabe. “A embaixada quer facilitar tudo o que for necessário para quem quiser investir no Sudão. O governo vai facilitar a ida dele (do investidor) para lá, a documentação e o que mais ele precisar”, declarou.
Para Alaby, os brasileiros deveriam olhar para o Sudão como uma entrada para outros mercados árabes e africanos. “O Sudão é importante como parceiro estratégico do Brasil, porque o Brasil tem a tecnologia da agricultura e da pecuária e pode fazer joint-ventures ou parcerias visando um terceiro mercado”, avaliou.