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São Paulo – O fim do embargo econômico ao Sudão, levantado pelos Estados Unidos em outubro do ano passado, abriu oportunidades de investimentos e de exportação de produtos brasileiros no país africano. A expectativa da embaixada do Sudão em Brasília é aumentar a corrente comercial entre os dois países, que no ano passado somou pouco mais de US$ 42 milhões, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Nesta segunda-feira (29), Abdelmoniem Yousif, novo conselheiro da embaixada, e Khalid Mustafa, que deixa o cargo após dois anos para retornar ao seu país natal, estiveram reunidos com o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, o diretor geral da entidade, Michel Alaby, e o assessor de projetos especiais, Tamer Mansour, em São Paulo. Em entrevista à ANBA, o conselheiro contou que o Sudão tem interesse especial na indústria aeronáutica brasileira.
“Nós temos a Sudan Airways e buscamos uma cooperação com a Embraer”, afirmou o conselheiro, sem fornecer detalhes. A área de logística, segundo ele, oferece muitas oportunidades de investimento, tanto na área aeronáutica, quanto marítima e ferroviária.
Os conselheiros destacaram que o país possui projetos prontos, em busca de investidores, em diversos setores. Segundo eles, o Ministério do Desenvolvimento local e as secretarias estaduais podem auxiliar os interessados. Há oportunidades nas áreas de mineração, agricultura, ovinocultura e telecomunicações, além da já citada logística.
No que diz respeito a exportações do Sudão para o Brasil, os conselheiros citaram o óleo de gergelim, a goma arábica e o hibisco como produtos com grande potencial. No sentido contrário, veem nas máquinas agrícolas, equipamentos ferroviários, aviões, açúcar e produtos farmacêuticos e veterinários como boas opções aos empresários brasileiros.
“Queremos exportar mais ao Brasil”, destacou Mustafa. No ano passado, as importações brasileiras de produtos do Sudão somaram pouco mais de US$ 500 mil, de acordo com dados do MDIC compilados pela Câmara Árabe – uma redução de 45% na comparação com 2016.
Feira de Cartum
Segunda-feira (29) foi também o último dia da Feira Internacional de Cartum, na capital sudanesa. Em uma semana, o estande brasileiro, patrocinado pela Câmara Árabe, recebeu boa visitação. “Em especial nos últimos dois dias”, destacou Fernanda Baltazar, executiva de negócios internacionais da entidade, presente todos os dias na feira.
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Além da presença institucional da Câmara Árabe, uma importadora local ocupou os 15m² do estande Brasil, representando quatro marcas brasileiras: Fame, fabricante de chuveiros elétricos; Baterias Moura; Mundial, fabricante de tesouras e facas; e Mondial, fabricante de eletrodomésticos como ventiladores e baterias.
Segundo Fernanda, a Moura fechou um contêiner que chegará nas próximas semanas ao Sudão. A aceitação às outras marcas também foi positiva: “A Fame exporta chuveiros desde 2015 e essa participação ajudou a consolidar a ideia de chuveiros elétricos, item que não é muito comum no Sudão. No geral, o produto brasileiro é bem conhecido e muito forte por aqui”, contou.
A executiva da Câmara Árabe disse que autoridades sudanesas, como o vice-presidente e ministros, visitaram o estande do Brasil na feira. “A participação na Feira de Cartum faz muito sentido, pois temos produtos muito procurados e bem aceitos pelo público local”, resumiu.