Algérie Presse Service*
Paris (França) – O fluxo mundial de investimentos diretos somou US$ 560 bilhões em 2003. Houve uma queda de 17,6% em relação ao ano anterior, segundo o relatório sobre investimentos estrangeiros diretos (IED) divulgado na quarta-feira (22) pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). Mundialmente, o fluxo total de investimentos já havia diminuído em 2001 e 2002. O total de fusões e aquisições internacionais, principal gerador de IED no final desde os anos 80, caiu 20% no ano passado.
Segundo a Unctad, porém, a queda no fluxo de IED foi mais sensível nos países desenvolvidos e nas nações da Europa central e ocidental, mas em países em desenvolvimento, no geral, cresceu 9% (US$ 172 bilhões em 2003 contra US$ 158 bilhões em 2002).
"Na África, o fluxo de IED aumentou 28%, alcançando US$ 15 bilhões em 2003, sendo esperado novo crescimento este ano", indicou a Unctad. Este crescimento é devido a investimentos em recursos naturais e foi encorajado por um volume maior de políticas de abertura de mercados. Entre os países africanos, 36 receberam mais investimentos, enquanto 17 receberam menos.
Segundo o diretor da divisão de investimentos da Unctad, Karl P. Sauvant, as perspectivas sobre o fluxo de IED na África em 2004 são promissoras, devido aos recursos naturais da região e ao interesse de investidores no continente. Pela primeira vez desde 1999, a entrada de IED foi bastante distribuída, tendo 22 países recebido mais de US$ 100 milhões cada, contra 16 em 2001.
Entre os países africanos que mais receberam investimentos estrangeiros diretos em 2003 estão os árabes Marrocos, que ficou em primeiro lugar na lista, com US$ 2,3 bilhões; o Sudão, em quarto lugar com US$ 1,3 bilhão; a Líbia, na oitava posição com US$ 700 milhões; e a Argélia e Tunísia, na nona posição, com US$ 600 milhões cada.
O Marrocos foi também o local da região onde o fluxo de investimentos mais cresceu, já que em 2002 o valor registrado foi de US$ 500 milhões. Houve crescimento também nos recursos remetidos para o Sudão, que havia recebido US$ 700 milhões em 2002. Mas a Tunísia e a Argélia receberam menos dinheiro estrangeiro. O total remetido para estes dois países em 2002 foi, respectivamente, US$ 800 milhões e US$ 1,1 bilhão.
Árabes
No geral, segundo informações da Emirates News Agency, os investimentos estrangeiros diretos nos países árabes passaram de US$ 4,6 bilhões em 2002 para US$ 7,35 bilhões em 2003. As nações do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), bloco composto por Bahrein, Catar, Kuwait, Omã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, receberam US$ 1,81 bilhão em IED no ano passado, contra US$ 1,097 bilhão em 2002, o que significa um aumento de 64%.
Na avaliação do presidente do conselho de administração da Autoridade de Investimentos e Desenvolvimento de Dubai, Mohammed Al Gergawi, apesar do crescimento, a fatia dos árabes no fluxo dos investimentos internacionais ainda é pequena.
"Até mesmo os US$ 7,35 bilhões que todos os países árabes receberam são apenas uma gota, em comparação ao oceano de recursos que viajaram pelo mundo em 2003 atrás de oportunidades de investimentos", disse.
América Latina
Para se ter uma idéia, só o Brasil atraiu mais investimentos diretos em 2003 do que todos os países árabes. Segundo a Unctad, o total de IED aplicados em empreendimentos brasileiros no ano passado foi de US$ 10,1 bilhões. Houve uma queda significativa em comparação com o ano anterior, quando o volume de recursos foi de US$ 16,6 bilhão. Com essa diminuição, o Brasil perdeu para o México (US$ 10,8 bilhões, também em queda) a condição de principal pólo de atração de investimentos externos na América Latina.
Mas enquanto o mundo árabe comemora, a América Latina e o Caribe, no geral, amargam uma queda no total dos investimentos pelo quarto ano consecutivo. "Mas com condições econômicas melhores, as perspectivas para 2004 são favoráveis", disse o vice-secretário-geral da Unctad, Carlos Fortin.
O total de recursos passou de US$ 51 bilhões em 2002 para US$ 50 bilhões em 2003, a menor marca desde 1995. Das 40 economias regionais, 19 receberam menos dinheiro de um ano para o outro.
*Com informações da redação da ANBA

