São Paulo – As economias do Oriente Médio e do Norte da África deverão crescer neste ano menos do que em 2012. De acordo com as estimativas divulgadas nesta terça-feira (16) pelo relatório Panorama Econômico Mundial (WEO, em inglês) do FMI, o Produto Interno Bruto (PIB) das nações do Oriente Médio, Norte da África, Afeganistão e Paquistão irá expandir, em média, 3,1% neste ano, 0,3% menos do que a previsão do Fundo divulgada em outubro de 2012. Para 2014, a previsão é de crescimento de 3,7%, ou 0,1% menos do que estimado anteriormente.
Neste relatório, o FMI avalia que os países exportadores de petróleo deverão registrar crescimento de 3,25% do PIB neste ano. Em 2012, as nações do Oriente Médio exportadoras de petróleo (o relatório também inclui o Irã) registraram um crescimento médio de 5,75%. A previsão de queda no PIB destes países para este ano deverá ser resultado de uma demanda mundial menor por petróleo e seus derivados em 2013.
Segundo o FMI, os exportadores de petróleo aproveitaram o crescimento dos anos anteriores para aumentar suas reservas. Este fato, aliado à baixa dívida pública destes países, deve fazê-los suportar um crescimento menor. Mesmo assim, o Fundo recomenda que estes governos se “contenham” ao aumentar gastos de difícil reversão, como os salários, para que suas economias sejam capazes de suportar quedas nos preços do petróleo.
Mesmo com os desafios que se apresentam aos países exportadores de petróleo, o FMI recomenda que eles não abandonem projetos de diversificação da economia e de geração de empregos. O FMI diz que precisam continuar a promover melhorias na infraestrutura relacionada à produção de petróleo, mas também investir em educação, treinamento e aperfeiçoar as políticas de benefícios para trabalhadores do setor privado.
O FMI prevê que a economia do Irã irá se retrair em 1,3%, a Arábia Saudita crescerá 4,4%, Argélia 3,3%, Emirados Árabes Unidos 3,1%, Catar 5,2%, Kuwait 1,1% e Iraque 9%. O estudo não apresenta os dados específicos de Bahrein, Omã, Líbia e Iêmen, mas a previsão para os exportadores contempla a produção destes países.
Incertezas para os importadores
Os estudos do FMI divulgados no WEO reconhecem que os países importadores de petróleo cresceram quase 2% em 2012, “um pouco acima” daquilo que a instituição previra em outubro do ano passado. Diversos fatores, porém, deverão pressionar o crescimento destas nações em 2013. Entre as razões, o FMI cita a incerteza política dos países que têm governos em transição, consequências do aumento do conflito na Síria, demanda fraca dos parceiros comerciais europeus e um “persistente” preço alto de commodities (particularmente combustíveis e alimentos).
O relatório faz avaliações sobre alguns países árabes importadores de petróleo. Observa que houve recuperação no setor turístico da Tunísia e aumento das receitas com commodities na Mauritânia. Afirma que as incertezas sobre o rumo político do Egito resultaram em baixo crescimento e desequilíbrio externo e fiscal. O Egito negocia com o próprio FMI um empréstimo de aproximadamente US$ 4,8 bilhões. Na noite de segunda-feira (15), o FMI afirmou em nota que as autoridades locais adotaram medidas “valiosas” em relação ao subsídio energético e que continuam a negociar os termos de um acordo de empréstimo.
O crescimento da Jordânia foi prejudicado pela crise síria e por greves no setor da mineração. Já o Marrocos foi afetado pelo mau desempenho da economia europeia, produção agrícola menor do que a esperada, altos custos com combustíveis e alimentos e pressão nas contas do país. O Sudão teve bom desempenho na agricultura, mas o desenvolvimento da sua economia foi prejudicado pelos conflitos com o Sudão do Sul e porque perdeu reservas de petróleo para o novo vizinho.
O FMI prevê que a economia do Egito irá crescer 2% neste ano, o Marrocos crescerá 4,5%, Tunísia 4%, Sudão 1,2%, Líbano 2% e Jordânia 3,3%. Na média, os importadores de petróleo deverão crescer 2,7% neste ano. Neste cálculo estão incluídos Djibuti e Mauritânia. A Síria não foi relacionada. A Líbia deverá ter um crescimento igual ou superior a 6%.
Mundo e Brasil
Na avaliação geral do WEO, as autoridades econômicas dos países desenvolvidos adotaram medidas que evitaram o fim do euro na Europa e o abismo fiscal nos Estados Unidos. Embora faça previsões de recessão para Itália, Grécia, Espanha, França, Portugal e Chipre e crescimento entre 0% e 1% para o Reino Unido, o FMI avalia que estes países caminham para a recuperação econômica.
Os Estados Unidos deverão crescer menos do que o previsto anteriormente, mas registrar neste ano uma expansão de 1,9% do PIB. A China deverá crescer 8% e o Japão, 1,6%. O FMI alertou que os governantes japoneses e norte-americanos “não podem relaxar” nos esforços para conter a dívida e os déficits fiscais. O PIB Mundial deverá crescer 3,3% neste ano e 4% em 2014.
O FMI também revisou para baixo a previsão de crescimento do Brasil. A estimativa é que o país cresça 3% neste ano e 4% no ano que vem. Em outubro, a previsão era que em 2013 o Brasil crescesse 3,5% e, em 2014, 3,9%. O Fundo afirma que houve queda no consumo no Brasil.O Fundo prevê que o país vai crescer neste ano devido às políticas de estímulo ao setor privado implantadas pelo governo.


