São Paulo – A edição mais recente do relatório “Perspectiva Econômica Regional” (WEO, na sigla em inglês) divulgada nesta terça-feira (21) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o Oriente Médio e o Norte da África faz um alerta para as nações da região: cada país deve fazer reformas na política macroeconômica que permitam maior resistência às crises internacionais e promovam o crescimento independentemente da produção de petróleo e gás.
O levantamento afirma que os países do Oriente Médio e do Norte da África são divididos em grupos que se desenvolvem em “duas velocidades”: crescem mais rápido e de forma mais sustentada aqueles que produzem e exportam petróleo. Por outro lado, são mais pobres e têm um crescimento irregular os países que importam a commodity.
Nesta edição do WEO, no entanto, o FMI afirma que a diferença entre o crescimento destas nações em 2013 está menor porque os importadores de petróleo irão crescer um pouco mais do que em 2012. Já os exportadores deverão crescer menos por causa da baixa demanda dos países europeus, que estão em crise. Mesmo assim os exportadores de petróleo deverão ter crescimento em 2013 sustentado pelos gastos do governo e pelo setor não petrolífero.
“Os países exportadores de petróleo, principalmente os do Conselho de Cooperação do Golfo (formado por Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Bahrein, Kuwait, Omã e Catar), geralmente enfrentam um cenário mais favorável. Entretanto, se as tendências (da economia) globais piorarem, os exportadores de petróleo serão confrontados com grandes pressões. Um prolongado declínio nos preços do petróleo, baseado em uma persistente baixa atividade econômica, pode consumir reservas e resultar em déficits fiscais”, afirma o relatório.
O estudo do Fundo observa que a maior parte dos países exportadores tem uma dívida pública baixa e afirma que o setor não petrolífero, que cresceu aproximadamente 4% em 2012, é sustentado pelas baixas taxas de juros globais, consumo da população e pelo aumento nos salários dos funcionários públicos. No entanto, o WEO observa que neste ano, os países exportadores de petróleo não irão registrar o superávit em conta corrente de US$ 440 bilhões obtido em 2012. A previsão é que neste ano este superávit seja de US$ 370 bilhões devido ao menor preço do petróleo no mercado futuro e à queda das exportações.
O FMI recomenda que os países exportadores de petróleo reduzam os gastos, evitem aumentar o salário dos funcionários públicos e promovam reformas na economia que lhes permitam usar as receitas procedentes da exploração do petróleo em benefício das futuras gerações. Também recomenda que invistam na qualidade da educação porque com mais instrução os trabalhadores poderão disputar empregos no setor privado.
Importadores de petróleo
O WEO observa que o Produto Interno Bruto dos países importadores de petróleo cresceu em média 2,7% em 2012 e deve crescer aproximadamente 3% neste ano. O relatório afirma que o PIB destes países cresceu no ano passado impulsionado por uma safra recorde no Afeganistão, porque a Mauritânia se recuperou da seca de 2011 e porque o Sudão assinou acordos de segurança e exploração de petróleo com o Sudão do Sul. No entanto, poucos empregos foram criados, principalmente entre mulheres e jovens. O Afeganistão, o Paquistão e o Irã não são árabes, mas são contemplados pela pesquisa do Fundo.
Outro desafio para os países que importam petróleo é a transição política que é realizada em muitos deles e os conflitos da Síria, que podem ter repercussões nas nações vizinhas. Na avaliação do WEO, passam por transição política Egito, Marrocos, Jordânia e Tunísia. Iêmen e Líbia também são considerados países em transição, mas são exportadores de petróleo. O Iêmen, segundo o FMI, irá precisar de mais um empréstimo financeiro do FMI.
O WEO recomenda aos importadores de petróleo que sejam adotadas medidas difíceis e “impopulares” para manter a estabilidade econômica. “Será necessário insistir nas reformas estruturais para aprofundar a integração comercial, modernizar as regras, ampliar a responsabilidade institucional, remover os entraves para a abertura e fechamento de empresas, modificar as leis trabalhistas que incentivem a contratação de trabalhadores e os proteja, aliados a uma educação que atenda às necessidades do trabalhador e expansão do acesso a financiamentos”, afirma o estudo.
O WEO estima que o PIB dos países do Oriente Médio e do Norte da África (com exceção de Paquistão, Afeganistão e Irã) deverá crescer 3,1% e, em 2014, 3,7%. Entre os exportadores de petróleo, o PIB da Argélia deverá crescer 3,3%; Bahrein, 4,2%; Iraque, 9%; Kuwait 1,1%; Líbia, 20,2%; Omã 4,2%; Catar 5,2%; Arábia Saudita, 4,4%; Emirados Árabes Unidos, 3,1%; e Iêmen, 4,4%. Já entre os importadores, a previsão é que o PIB do Djibuti cresça 5%; Egito, 2%; Jordânia, 3,3%; Líbano, 2%; Mauritânia, 5,9%; Marrocos, 4,5%; Sudão, 1,2%; Tunísia, 4%; e Palestina, 5%. O WEO não tem previsões para a economia síria.


