São Paulo – O primeiro vice-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), David Lipton, afirmou nesta terça-feira (27) que os países do Oriente Médio e do Norte da África que estão se reestruturando após trocas de governo precisam buscar o crescimento econômico por meio da ampliação das suas exportações e por meio da inclusão das empresas privadas.
Lipton afirmou, em artigo publicado no blog iMFdirect, que as nações árabes têm três caminhos a seguir: o da deterioração econômica e disputas políticas que impedem a estabilidade, a reafirmação de interesses empresariais escusos que levariam a região à estagnação ou o crescimento da nova economia por meio de reformas promovidas pelos novos governos. “Enquanto os dois primeiros caminhos seriam indesejáveis, eles poderiam vir a acontecer. Evidentemente que o terceiro caminho, da transformação, seria o melhor”.
Recém-chegado de uma visita à Tunísia, Lipton lembrou, no blog, que foi neste país que a Primavera Árabe começou, em 2010. Ele afirma que as manifestações e trocas de governo que se seguiram desde então foram resultado de um pedido do povo não apenas por mudanças políticas, mas também econômicas. Assim como a Tunísia, o Egito, o Iêmen e a Líbia trocaram de governo. Marrocos e Argélia passaram por manifestações que levaram os governantes a mudar políticas econômicas. Na Síria, Jordânia e no Bahrein opositores enfrentam os governos.
Lipton observou que os países da região não vão crescer nem sair da estagnação econômica se as empresas que atuam neles se restringirem a vender apenas ao mercado doméstico. Ele também afirmou que os países do Oriente Médio e do Norte da África que não exportam petróleo também têm se mostrado incapazes de gerar empregos para atender ao rápido crescimento populacional.
Como comparação, o vice-diretor-gerente do FMI afirma que os países do Oriente Médio e do Norte da África que não exportam petróleo e somam 400 milhões de habitantes exportam, juntos, US$ 365 bilhões. É quase o mesmo que a Bélgica, que tem 11 milhões de habitantes.
“Para alcançar um crescimento de base ampla e sustentável, os países do Oriente Médio e do Norte da África precisam se afastar do estatal para o investimento privado e do protecionismo das indústrias para o crescimento liderado pelas exportações e criação de valor. É onde os empregos estão”, afirmou. O economista disse que o setor privado precisa se tornar a principal fonte de crescimento dos países da região, o que só acontecerá se as empresas tiverem acesso a outros mercados.
Lipton afirmou que cada país deve preparar uma agenda de reforma das suas economias e, neste processo, promover a participação de toda a sociedade. “Planos de reforma, não importa quão técnicos possam parecer, não devem ser impostos sem uma larga compreensão e aceitação popular”. Ele defendeu que a comunidade internacional participe deste processo ao oferecer financiamento, orientação econômica e acesso a mercados.

