São Paulo – O Brasil deverá retomar o crescimento econômico em 2017 após uma recessão “profunda e com muitas raízes”, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) em documento sobre a economia brasileira divulgado nesta quinta-feira (29). Segundo as informações do estudo, as medidas anunciadas pelo governo brasileiro já resultaram em uma melhora do ânimo dos investidores, porém, só isso não é suficiente. Para o FMI, é preciso que o Congresso aprove rapidamente medidas propostas pelo Executivo.
“Há sinais animadores de que a recessão se aproxima do fim. A equipe projeta um crescimento de -3,3% em 2016 (ou seja, retração) e de cerca de 0,5% em 2017. Esta previsão é baseada na suposição de que o limite dos gastos (públicos) e a reforma da Previdência sejam aprovados em um intervalo de tempo razoável e que o governo atinja as metas fiscais para 2016 e 2017”, afirma o documento do FMI. O estudo observa ainda que a inflação começa a perder força.
O Fundo observa que o Brasil registrou em anos recentes um crescimento acima da média impulsionado pelo crescimento do consumo e pelas altas cotações no preço das commodities. No entanto, devido a antigos problemas estruturais e medidas que se mostraram contraprodutivas, aliadas a uma nova realidade econômica global, levaram à recessão.
O País pode estar se recuperando deste cenário, mas tem um desafio de negociar as reformas propostas com o Congresso. Há, ainda, um cenário externo pouco favorável à recuperação econômica, com o lento crescimento de economias desenvolvidas e em desenvolvimento e os baixos preços das commodities.
“Mas alguns lampejos de recuperação têm surgido. Os recentes pronunciamentos políticos levaram a uma recuperação da confiança e dos preços dos ativos. Se aproveitar este momento, por exemplo, com uma aprovação mais rápida do que o esperado das reformas no Congresso, isso poderá reduzir riscos e ser um gatilho de uma recuperação mais vigorosa do investimento (inclusive resultando em mais fusões e aquisições) e do crescimento”, afirma o Fundo.
O documento mostra ainda em que setores o País precisa evoluir para conter os gastos do governo. São eles a segurança social, com a anunciada reforma previdenciária que pretende elevar as idades mínimas para aposentadoria, comprometimento dos governos estaduais com controle de gastos, aperfeiçoamento da estrutura fiscal e uma nova fórmula para o salário mínimo, atrelada ao aumento de produtividade e que reduza a pressão fiscal sobre o sistema de aposentadorias.
Outras sugestões do Fundo são reformas para tornar o programa de concessões mais atrativos a investidores, redução de barreiras tarifárias e não-tarifárias e realização de reformas trabalhista e tributária.


