Washington – O Fundo Monetário Internacional (FMI) elogiou os esforços da Argélia para se adaptar à queda dos preços do petróleo, com destaque para medidas adotadas para sanear as finanças públicas e melhorar o ambiente de negócios, segundo informações publicadas nesta sexta-feira (02) pela agência de notícias Algérie Presse Service (APS).
Em relatório anual sobre a economia do país, o Fundo ressaltou a “resiliência” da economia argelina, apesar dos desafios significativos impostos pelo baixo preço da commodity. Petróleo e gás natural são de longe os principais produtos exportados pela Argélia.
O FMI informa que o país cresceu 3,5% no ano passado. Para 2017, porém, o crescimento previsto é de 1,3%. Em 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) argelino deverá avançar 0,7%, segundo a instituição.
No ano passado, os setores da economia não ligados ao petróleo registraram crescimento de 2,9%. O desempenho foi em parte inibido pela redução de gastos. A taxa de inflação ficou em 6,4%, contra 4,8% em 2015. Em fevereiro deste ano, a inflação anual chegou a 7,7%. O índice de desempregou estava em 10,5% em setembro de 2016, segundo a APS.
De acordo como relatório do FMI, a dívida externa argelina “continua bastante baixa” e deverá representar 2,5% do PIB este ano, com crescimento para 2,7% no próximo. O país deverá registrar déficit fiscal de 3% em 2017, ante 14% em 2016.
Para aumentar o potencial de crescimento, o Fundo ressalta a importância de se implementar “uma combinação equilibrada de medidas de política econômica e de reformas estruturais ambiciosas para garantir a viabilidade das finanças públicas, reduzir os desequilíbrios externos e diminuir a dependência em relação aos hidrocarbonetos (petróleo e gás)”.
Segundo a APS, o FMI elogiou a “determinação das autoridades” em buscar o saneamento sustentado das finanças públicas em médio prazo e declarou apoio às medidas tomadas pelo governo para reduzir o déficit fiscal.
Estas medidas, de acordo com a agência, têm por objetivos aumentar as receitas fora da indústria petrolífera, controlar os gastos correntes, reduzir subsídios sem deixar a população mais carente desprotegida, ampliar a eficiência dos investimentos públicos e reduzir custos.
O Fundo recomenda o uso de uma gama ampla de opções de financiamento da economia para fazer frente à baixa das receitas petrolíferas, como o uso prudente do endividamento externo, a venda de ativos públicos, além da opção por uma taxa de câmbio mais flexível.
Para o FMI, medidas do gênero podem criar margem de manobra fiscal para a realização de um ajuste mais gradual e mais propício ao crescimento para além do previsto atualmente.
A instituição insiste na importância de reformas para diversificar a economia argelina. Nesse sentido, o Fundo elogiou medidas adotadas para melhorar o ambiente de negócios e o trabalho em curso de criação de uma estratégia de longo prazo que poderá modificar o modelo de crescimento do país.
O FMI destaca também que as reservas internacionais líquidas da Argélia permanecem “em nível confortável”, ao passo que uma maior flexibilização do regime de câmbio, acompanhada do saneamento das finanças públicas e de reformas, contribuiriam para reduzir os desequilíbrios externos e favoreceriam o desenvolvimento do setor privado. As reservas brutas do país representavam 22,5 meses de importações em 2016, mas deverão baixar para o equivalente a 19,5 meses este ano.
Na seara monetária, o Fundo elogiou a introdução pelo banco central de operações de “open market” para gerenciar a liquidez e sugere a eliminação de operações de redesconto para encorajar os bancos a administrar sua liquidez de maneira mais eficiente.
Frente às pressões inflacionárias, o FMI sugere também que as autoridades argelinas estejam prontas para aumentar a taxa básica de juros. O setor bancário é bem capitalizado e rentável, acrescenta a instituição. O Fundo recomenda, porém, o reforço contínuo das políticas para o setor financeiro e a ampliação do uso de políticas macroprudenciais.