São Paulo – O diretor do departamento do Oriente Médio e Ásia Central do Fundo Monetário Internacional (FMI), Masood Ahmed, disse neste domingo (08), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que a continuidade da realização de investimentos pelos países exportadores de petróleo está amenizando os impactos da crise internacional na região.
“Para os exportadores de petróleo, o declínio nos preços e os cortes de produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) deverão reduzir as receitas com as exportações em quase 50% em 2009. Isso implica em uma perda de receita para os governos de cerca de US$ 300 bilhões”, disse Ahmed, de acordo com nota divulgada pelo FMI. “No entanto, a maioria dos governos, especialmente os do GCC, indicaram até agora que vão manter seus planos de gastos e investimentos”, acrescentou.
O Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) é formado por Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã. O FMI estima que as economias dos países exportadores de petróleo do Oriente Médio e Norte da África deverão crescer em média 3,6% este ano, ante 5,6% em 2008.
Ahmed observou que, apesar da desaceleração do crescimento ser visível, ela está sendo minimizada pelas condições particulares da região, especialmente o grande volume de reservas em moeda estrangeira acumulado nos últimos anos pelos grandes exportadores de petróleo. Além das nações do GCC, fazem parte do grupo de exportadores a Argélia, Iêmen, Irã, Iraque, Líbia e Sudão.
O diretor do Fundo declarou que a manutenção das políticas de gastos e investimentos deverá gerar um déficit de US$ 30 bilhões na conta corrente dos países exportadores de petróleo este ano, ante um superávit de US$ 400 bilhões em 2008. Ele ressaltou, porém, que para a maioria dessas nações essa situação pode ser confortavelmente sustentada justamente pelo grande volume de reservas existente.
“Nesse sentido, ao continuar a gastar, os países exportadores de petróleo estão contribuindo substancialmente para atender a demanda mundial e agindo como estabilizadores durante a retração global”, afirmou o executivo.
Essa política de manutenção dos investimentos deverá ajudar também outros países da região que não são grandes exportadores de petróleo, mas que mantêm fortes laços econômicos com os produtores, como é o caso do Egito, Jordânia, Líbano, Tunísia, Síria, Marrocos, Mauritânia e Djibuti. O FMI estima que o crescimento médio dessas economias deverá ser também de 3,6% este ano, contra 6,3% em 2008, mesmo com redução das receitas com exportações, turismo, remessas de dinheiro de expatriados e custo mais alto do crédito.

