São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) continua a apontar perspectivas econômicas divergentes para os países do Oriente Médio e Norte da África, segundo relatório divulgado no domingo (11). A instituição separa a região em dois grupos, o dos exportadores de petróleo e o dos importadores da commodity.
No primeiro caso, são boas as estimativas de crescimento econômico, no segundo, ruins. Para a região como um todo, o FMI prevê crescimento de 5,3% este ano e de 3,6% no próximo. Entre os exportadores de petróleo, o avanço previsto é de 6,6% em 2012 e de 3,8% em 2013, já entre os importadores as perspectivas são de 1,2% e de 3,3%, respectivamente.
As estimativas de crescimento das nações ricas na commodity foram fortemente influenciadas pela recuperação da Líbia, que foi melhor do que a esperada, de acordo com o Fundo. Os países do Golfo mantêm também “crescimento robusto”, especialmente por causa de “políticas fiscais expansionistas” e de “condições monetárias acomodativas”. O FMI espera que o barril de petróleo se mantenha acima de US$ 100 este ano e no próximo.
Ainda no caso das nações do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), o Fundo prevê uma desaceleração do crescimento de 7,5% em 2011 para 3,75% em 2013 em função da estabilização da produção petrolífera. A instituição inclui no grupo dos exportadores de petróleo a Argélia, Iraque, Líbia, Iêmen, Irã (não árabe), Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Omã, sendo que os seis últimos são os membros do GCC.
“O principal desafio para os exportadores de petróleo do Oriente Médio é: como tirar vantagem da situação positiva atual para fortalecer a resistência contra quedas no preço do petróleo e diversificar suas economias para incentivar a geração de empregos no setor privado?”, disse o diretor do Departamento do Oriente Médio e Ásia Central do FMI, Masood Ahmed.
Na outra mão, os importadores de petróleo (Djibuti, Egito, Jordânia, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Sudão e Tunísia) permanecem sob pressão de fatores internos e externos. Por um lado há a questão dos preços altos dos alimentos e dos combustíveis, aliada à crise na Europa, parceira importante de vários destes países, e de outro a transição política ainda turbulenta em nações da Primavera Árabe.
O FMI considera como “países árabes em transição” o Egito, Líbia, Tunísia, Iêmen, Marrocos e Jordânia, embora apenas nos quatro primeiros tenha ocorrido de fato mudança de regime na Primavera Árabe. Sem contar a Líbia, onde a produção de petróleo já retornou ao nível anterior ao conflito que derrubou Muamar Kadafi, a previsão de crescimento neste grupo é de 2% este ano e de 3,6% no próximo.
“O maior desafio para os governos dos países árabes em transição é como administrar as crescentes expectativas de uma população cada vez mais impaciente em ver os dividendos desta transição, em um momento em que há riscos de médio prazo para a estabilidade macroeconômica e em que a margem de manobra é limitada”, declarou Ahmed.
O Fundo diz que estes países precisam gerar empregos urgentemente e dar à população “benefícios tangíveis”. Para tanto, os governo devem lançar políticas para restaurar a estabilidade macroeconômica e implementar reformas estruturais para ampliar a competitividade de suas economias. O diretor do FMI acrescentou que estas nações precisam de apoio internacional para obter financiamentos, assistência técnica e acesso a mercados.

