São Paulo – A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou nesta quinta-feira (04) que o baixo preço do petróleo é uma oportunidade para que os países em desenvolvimento acabem com os subsídios aos combustíveis e transformem este gasto “contraprodutivo” em medidas de impacto social. A afirmação foi feita em uma transmissão pela internet com perguntas sobre os países emergentes enviadas por jornalistas.
Os focos das questões eram os desafios que os países em desenvolvimento enfrentam em razão da queda das cotações do petróleo e das commodities em geral, assim como a desaceleração da China e a recessão em algumas destas nações, como é o caso do Brasil.
“Há uma grande oportunidade que o preço baixo do petróleo oferece. É o fato de que os subsídios historicamente pagos com recursos dos governos, especialmente nos países que não produzem petróleo, podem ser facilmente removidos e substituídos por medidas sociais de apoio aos mais pobres. Isso liberaria recursos que poderiam ser usados com educação e para oferecer ajuda”, afirmou Lagarde.
Ela observou também que os países emergentes dividem algumas similaridades entre si, como terem obtido um rápido crescimento nos últimos anos, mas observou que há diferenças entre os integrantes deste grupo.
“Sou cautelosa ao colocar as economias emergentes no mesmo grupo, porque cada uma tem suas prioridades. O Brasil e a Rússia estão em uma situação difícil: recessão. Ao mesmo tempo, o México está tendo um bom desempenho, porque realizou reformas, e a Índia está progredindo”, afirmou. Outro exemplo positivo citado por Lagarde é a Colômbia.
Segundo Lagarde, outros países poderiam utilizar este momento da economia para criar um novo modelo de negócios, permitir que o câmbio flutue e utilizá-lo inclusive como uma proteção contra os preços do petróleo. Poderiam também diversificar sua economia, exportar mais e depender menos das receitas com a commodity.
Lagarde acrescentou que a nova realidade econômica de grande parte das nações emergentes demanda mais apoio de instituições financeiras, como é o caso do FMI. E afirmou que o Fundo irá oferecer recursos se necessário. “Em termos de segurança financeira, estaremos trabalhando com os recursos disponíveis para atender à demanda desses países, podemos estar disponíveis para estender a mão neste momento”, disse.
Mais cedo, num discurso proferido na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, ela afirmou que o Fundo avalia a possibilidade de fortalecer e ampliar seus instrumentos de financiamento de “precaução”, ou seja, aqueles que garantem a liquidez da economia.


