São Paulo – Países em desenvolvimento têm resistido bem à instabilidade econômica internacional e se descolaram das nações desenvolvidas em crise ao conseguir manter o crescimento de suas economias. Esta é a avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI) em um dos capítulos que a instituição divulga nesta quinta-feira (27) do relatório Previsão para a Economia Mundial (WEO, na sigla em inglês). Embora faça elogios à condução da política macroeconomia dessas nações, entre elas latino-americanas e árabes, o FMI questiona até quando esses países irão suportar a crise e alerta: as autoridades deverão se preparar para “choques no horizonte”.
No capítulo coordenado pelo vice-diretor da divisão de estudos econômicos mundiais, Abdul Abiad, o FMI reconhece que os governos dos países em desenvolvimento criaram, nas últimas décadas, instrumentos que lhes permitiram “manobrar” a política econômica sem ameaçar o crescimento sustentado dos seus países.
“Estas economias também se tornaram mais diversificadas em muitas dimensões – na sua estrutura econômica, nos padrões de comércio e na composição do fluxo de capitais. Por outro lado, o recente crescimento de mercados emergentes e de economias em desenvolvimento tem sido apoiado pela entrada de capitais, crescimento na oferta de crédito e, para aqueles que exportam commodities, pelo contínuo fortalecimento no preço das commodities. Estes fatores são propensos a inversão, o que sugere que a perspectiva [para o crescimento] dessas economias pode não ser tão robusta”, alerta o estudo.
Ainda segundo o levantamento do FMI, os países emergentes já haviam apresentado, nos anos 1990, um desempenho sensivelmente melhor do que nos anos 1970 e 1980 ao enfrentar crises como a mexicana, em 1994, a asiática, em 1997, e a russa, em 1998. “Mas a atual década foi excepcional”, reconhece o estudo do FMI. “Pela primeira vez os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento tiveram um desempenho melhor do que as economias avançadas, como pode ser visto pelo tempo gasto em [sua] expansão.”
Mesmo após elogiar as economias em desenvolvimento, o FMI alerta que o ambiente externo pode piorar novamente e que, se isso não ocorrer, a situação interna pode afetar o desempenho econômico de alguns “países chave” entre os emergentes. Para se proteger dos riscos internos e externos, os países em desenvolvimento precisam, segundo o FMI, restabelecer suas reservas para ficarem mais preparados aos novos choques.

