São Paulo – O Brasil e os países do Oriente Médio e do Norte da África deverão crescer menos do que o esperado neste ano, de acordo com projeções divulgadas nesta terça (21) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo a instituição, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá crescer 2,3% neste ano, 0,2% menos do que havia previsto em outubro passado, quando divulgou a pesquisa “Perspectiva Econômica Mundial”, que agora foi atualizada.
Nesta revisão do documento, a instituição afirmou também que os países árabes crescerão menos: de 3,6% estimados em outubro para 3,3% nos cálculos mais recentes. O FMI prevê que o PIB brasileiro crescerá menos também em 2015. De 3,2% previstos em outubro para 2,8% agora. Os árabes, que teriam crescimento de 4,1% na estimativa anterior deverão ter expansão de 4,8% em 2015, portanto houve um aumento da previsão nesse último caso.
Esta revisão dos cálculos do FMI aponta, no entanto, para um crescimento maior do que o esperado para a economia mundial e os países desenvolvidos. Para o PIB global, a projeção de crescimento é de 3,7% este ano, 0,1% maior do que a calculada em outubro. Para 2015, a previsão de 3,9% de crescimento foi mantida. Nos Estados Unidos, a economia deverá crescer 2,8% em 2014. A previsão anterior indicava alta de 2,6%. Já em 2015, o aumento deverá ser de 2,6% e não de 3%, como anteriormente estimado. O PIB da Zona do Euro deverá se expandir 1% neste ano e 1,4% em 2015, contra previsões de 0,9% e 1,3%, respectivamente, feitas em outubro.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira, o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, afirmou que a recuperação global está mais forte, que ela “foi amplamente antecipada”, mas esta retomada ainda é fraca e desigual. Ele observa que o crescimento é mais forte nos Estados Unidos do que na Europa e mais consistente na Zona do Euro do que nos países do sul do continente europeu. Além disso, afirma o Blanchard, o desemprego ainda é elevado e os riscos de uma desaceleração ainda persistem.
“O simples motivo por trás desta forte recuperação é que os freios [impostos] à retomada estão se reduzindo progressivamente. O peso da consolidação fiscal está menor. O sistema financeiro está se curando lentamente. A incerteza está diminuindo”, afirmou Blanchard na nota.
Em entrevista coletiva, Blanchard falou especificamente sobre o Brasil. Ele observou que mesmo investimentos públicos em infraestrutura não foram suficientes para impulsionar a economia, disse que o País, assim como outros emergentes, depende das demandas das nações desenvolvidas e previu que o desempenho econômico brasileiro não deverá se destacar com preços baixos das commodities.
Para os países emergentes a previsão é de crescimento de 5,1% neste ano e de 5,4% em 2014, devido, sobretudo, à aceleração da economia chinesa. A expectativa do Fundo é que o PIB do país asiático cresça 7,8% neste ano e 7,5% no ano que vem devido aos investimentos em infraestrutura. Sobre os países do Oriente Médio e do Norte da África, o relatório do FMI explica que a previsão de crescimento menor em 2014 e maior em 2015 refletem “principalmente” as expectativas de uma lenta recuperação da produção de petróleo na Líbia, em decorrência das revoltas que prejudicaram a produção em alguns campos do país em 2013.
Apesar dos desafios, Blanchard afirmou que o FMI prevê um crescimento “forte” das economias emergentes em 2014 e em 2015, embora não tão forte como antes. “Por um lado, estes países irão se beneficiar do alto crescimento das economias avançadas. Por outro, à medida que a política monetária dos Estados Unidos [de redução de incentivos] se normalizar, eles ficarão frente a condições financeiras mais apertadas (com menos crédito e liquidez)”, afirmou.


