São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou o World Economic Outlook nesta terça-feira (14) com previsão de recessão de 3% para o mundo em 2020 em decorrência da covid-19. Para o Oriente Médio e Ásia Central, a estimativa do fundo é de queda de 2,8% na economia. Já no Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) deve recuar 5,3%.
Após um ano de recessão, porém, as economias mundiais devem se recuperar em 2021, com crescimento global de 5%. Para o Oriente Médio e a Ásia Central é esperado avanço de 4% no ano que vem e para o Brasil crescimento de 2,9%. No Oriente Médio, o fundo destaca a queda de 2,3% na economia saudita em 2020 e avanço de 2,9% em 2021. De qualquer maneira, esses avanços são projetados sobre uma base de comparação baixa, a de 2020.
No relatório, o FMI afirma que o mundo mudou drasticamente desde a última atualização do documento, em janeiro de 2020. O organismo chama a pandemia de “raro desastre” e lamenta as centenas de milhares de mortes. Segundo o FMI, trata-se de uma crise como nenhuma outra, com incertezas quanto a seus impactos na vida e meios de subsistência das pessoas, e há incerteza considerável sobre como será o cenário econômico após o fim desse período.
A previsão de recessão de 3% para o mundo significa uma queda de 6,3 pontos percentuais sobre a estimativa feita em janeiro. O FMI afirma que o atual cenário traz a maior recessão desde a Grande Depressão, na década de 1930, e é muito pior que a crise financeira global de 2008. A previsão de crescimento mundial de 5,8% em 2021 parte do pressuposto de que a pandemia desapareça em 2020 e que as ações políticas adotadas ao redor do globo sejam eficazes.
O FMI afirma que a recuperação de 2021 será apenas parcial e o nível de atividade econômica permanecerá abaixo do projetado inicialmente, antes do ataque do vírus, para o ano que vem. O organismo acredita que a perda acumulada para o PIB global entre 2020 e 2021 poderá ser de US$ 9 trilhões, valor maior do que as economias do Japão e Alemanha juntas.
O FMI lembrou que vários países entraram na crise do coronavírus em estado vulnerável, com crescimento lento e alto nível de dívida. Os países desenvolvidos devem enfrentar queda de 6,1% do PIB em 2020 e crescimento de 4,5% no ano que vem. Os mercados emergentes como um todo terão queda de 1% e recuperação de 6,6% em 2021. Se excluída a China do segundo grupo, o cenário é de queda nos dois anos. A renda per capita deve cair em mais 170 países.
Segundo o FMI, a cooperação multilateral é vital para a recuperação mundial e é preciso um esforço colaborativo para garantir que o mundo não deixe de ser globalizado. O organismo informou que está usando sua capacidade de empréstimos, com concessões de US$ 1 trilhão para apoiar países vulneráveis com financiamentos de emergência e desembolso rápido. “Enfrentamos uma tremenda incerteza em relação ao que virá”, diz o relatório.