São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta quarta-feira (23) em Washington, a atualização do seu relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês) com revisões para baixo do crescimento da economia global e também do Brasil e da Zona do Euro para 2013. O Fundo reconheceu que houve melhoras nos indicadores econômicos a partir do terceiro trimestre de 2012, mas prevê um lento avanço no decorrer de 2013.
De acordo com as previsões do fundo divulgadas nesta quarta-feira, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial deverá crescer 3,5% em 2013 e 4,1% em 2014, os dois números apresentam queda de 0,1% em relação à previsão feita em outubro de 2012. As projeções indicam que o PIB mundial se expandiu 3,2% em 2012.
O relatório do FMI afirma que as principais fontes das melhorias das condições econômicas a partir da metade do ano passado foram os mercados dos países emergentes, que cresceram mais do que o esperado, o crescimento da economia norte-americana, do mercado de capitais e a redução do custo do empréstimo para os países da “periferia” do euro (forma como foram apelidadas as nações em crise no continente, como Grécia, Irlanda, Itália, Espanha e Portugal). O documento também observa que o fluxo de capitais nos países em desenvolvimento permaneceu elevado.
Se há sinais de recuperação, há também os que indicam que ela será lenta. Para o FMI, os países da periferia do euro deveriam ter apresentado, no segundo semestre de 2012, uma melhora acentuada das condições econômicas, o que não aconteceu. Os resultados destes países em más condições ameaçam afetar os que estão em situação melhor. As previsões do FMI indicam que o PIB da zona do euro terá retração de 0,2% neste ano ante uma previsão de crescer 0,1% feita em outubro. Para 2014, deverá crescer 1%, 0,1% a menos que o anunciado anteriormente.
O Japão voltou à recessão no fim do ano passado. Em 2012, o crescimento deverá ser de 1,2% e, em 2014, de 0,7%. Os Estados Unidos deverão crescer 2% em 2013 e 3% em 2014. Nos dois anos, o crescimento deverá ser 0,1% menor do que o esperado.
O conselheiro econômico do FMI, Olivier Blanchard, disse que as condições financeiras melhoraram nos últimos meses e observou que houve avanços em negociações para implantar medidas necessárias para fazer os países crescerem. No entanto, afirmou que está preocupado com a situação das pessoas e que “algo precisa acontecer” para impulsionar o crescimento.
Emergentes crescem menos
O PIB dos países em desenvolvimento deverá se expandir menos do que o previsto antes. O Brasil, por exemplo, teve redução nas projeções em 2012, 2013 e 2014. Para 2012, a nova projeção do fundo prevê expansão de 1% para 2012 (em outubro, a previsão era de crescer 1,5%), 3,5% em 2013 (ante 3,9%) e 4% em 2014 (em outubro era de 4,2%).
Os outros países do grupo BRICS, Rússia, Índia, China e África do Sul também deverão crescer menos do que o previsto neste ano. Para o FMI, estes países têm, agora, menos condições de “aquecer” sua economia do que no começo da crise. Ainda assim, Blanchard, afirmou que eles “vão bem, embora não apresentem o mesmo vigor de 2010/2011”.
O fundo também reviu para baixo a previsão de crescimento dos países do Oriente Médio e do Norte da África para este ano. A expectativa atual é que cresçam, em média, 3,4% neste ano. A previsão divulgada em outubro indicava crescimento de 3,6% para 2013. Já para 2014, a previsão de que as nações árabes crescerão 3,8% foi mantida.
No comunicado divulgado na quarta-feira, o Fundo recomenda cautela para os países árabes. “No Oriente Médio e no Norte da África muitos países irão precisar manter a estabilidade macroeconômica interna e externa sob condições difíceis”, alerta o relatório.

