São Paulo – A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou nesta sexta-feira (08) que os países do Oriente Médio e do Norte da África que passam por transições e turbulências políticas precisam colocar em prática reformas que tenham como resultado a atração de investimentos, a geração de empregos e a recuperação da situação econômica. Em um comunicado divulgado pelo Fundo, Lagarde afirma que os conflitos na Síria aumentaram a preocupação de um contágio na região, sobretudo em países como Jordânia, Marrocos, Tunísia, Iêmen, Líbia e Egito.
No comunicado, a líder do FMI reconhece que houve sinais de melhora no turismo, nas exportações e na atração de investimento direto estrangeiro. No entanto, a maior parte dos países citados por ela enfrenta alto desemprego, baixo crescimento, redução das reservas internacionais e piora da situação econômica. É desanimador, afirma ela, que mais de um milhão de pessoas na região tenha perdido seus empregos. Ela alerta que o desemprego entre os mais jovens é maior e que na Jordânia e na Tunísia quase 30% dos jovens não têm trabalho.
Esses problemas podem ser solucionados, diz Lagarde no comunicado, mas como o investimento privado na maior parte destas nações está “estagnado”, os governos devem exercer um “papel central”.
Eles devem, sobretudo, colocar em práticas reformas estruturais da economia que proporcionem a geração de empregos e a atração de investimentos. Não é só. Ela recomenda que a política de gastos seja revista e que seja direcionada para um “investimento público produtivo” em lugar de despesas improdutivas, como o repasse de subsídios que frequentemente beneficiam os mais ricos.
“Governos devem embarcar nas reformas econômicas necessárias para criar as bases de um crescimento duradouro. Esta agenda inclui um tratamento simples, transparente e justo às empresas; transparência e responsabilidade em instituições públicas; capacitação adequada e incentivos à geração de empregos; acesso a financiamento para incentivar o empreendedorismo e o investimento privado; e maior integração comercial dos países da região entre si e com a economia mundial”, afirma Lagarde.
Na avaliação de Lagarde, a comunidade internacional também precisa ajudar estes países, por meio de “altos níveis” de ajuda financeira. Isso só será possível, afirma ela, se houver verdadeiro comprometimento com as reformas políticas e com a situação fiscal.
Lagarde afirma no documento que o FMI está comprometido com a recuperação dos países em transição e tem acordos de financiamento com Jordânia, Marrocos e Tunísia, negocia um empréstimo no médio prazo ao Iêmen, está oferecendo “assessoria política” à Líbia e poderá ajudar o Egito por meio de aconselhamentos ou empréstimos. Antes da deposição do ex-presidente Mohamed Morsi, em julho deste ano, FMI e Egito negociavam um empréstimo ao país árabe. As condições impostas pelo FMI para liberar o dinheiro, contudo, foram rejeitadas pela população. Entre elas estava a redução de subsídios.


