São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta quarta-feira (27) o relatório Regional Economic Outlook for the Middle East, North Africa, Afghanistan and Pakistan, no qual destaca que as mudanças políticas que estão ocorrendo em países árabes abrem oportunidades para a região no longo prazo, mas, no curto prazo, essas nações têm desafios internos e externos a enfrentar.
Na seara interna, há o impacto econômico das crises políticas, e, na externa, o problema é o alto preço das commodities no mercado internacional. “No longo prazo, os protestos [na região] podem dar impulso às economias [desses países], ao criar uma agenda mais voltada ao crescimento com inclusão social”, disse o diretor do Departamento do Oriente Médio e Ásia Central do FMI, Masood Ahmed, segundo nota do Fundo. “No curto prazo, porém, o cenário é desafiador, e há necessidade urgente de se enfrentar o desemprego e de melhorar as redes de proteção social”, acrescentou.
No médio prazo, de acordo com o FMI, existem diferentes cenários possíveis, com perspectivas mais positivas para os países exportadores de petróleo. O estudo estima em 3,9% o crescimento médio, em 2011, do grupo de nações analisadas, mas com um avanço de 4,9% nas economias exportadoras da commodity e de apenas 2,3% nas que necessitam importar o produto.
No primeiro caso, os aumentos do preço e da produção de petróleo vão injetar mais liquidez nos países produtores, o que deve fazer dobrar o superávit em conta corrente combinado dessas economias para US$ 380 bilhões. O Produto Interno Bruto das nações do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), por exemplo, deverá crescer 5,3%, segundo o Fundo. Fazem parte do bloco seis grandes exportadores de petróleo, gás e derivados: Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã.
O relatório destaca, porém, que os grandes exportadores da commodity “continuam a enfrentar problemas estruturais desafiadores”: necessidade de maior diversificação econômica, criação de empregos, desenvolvimento do sistema financeiro para sustentar o crescimento e melhoria na gestão dos recursos públicos.
Entre os países da região que não são grandes exportadores de petróleo, especialmente aqueles que passam por momento de crise política, o FMI considera o aumento dos gastos públicos como “razoável e necessário para garantir a coesão social”. “Muitos países vão precisar de apoio externo para gerenciar seus processos de transição”, declarou Ahmed.
Apesar dos desafios, o relatório acrescenta que a região tem muitos pontos positivos para enfrentá-los: uma população jovem e dinâmica, vastos recursos naturais, um grande mercado regional, posição geográfica privilegiada e acesso a mercados essenciais. “Ao passo que os próximos meses vão ser desafiadores e, inevitavelmente, marcados por contratempos, há agora uma propensão à mudança sobre a qual se pode construir”, declarou Ahmed.

