São Paulo – O quinto painel do Global Halal Brazil Business Forum, realizado em São Paulo, apresentou nesta terça-feira (28) como o halal – que determina o que é permitido para os muçulmanos – influencia o dia a dia das finanças islâmicas e como se adequa às necessidades da sociedade. A ética no uso do dinheiro é fundamental, afirmaram os participantes, para garantir que seja utilizado em favor da distribuição de renda. O painel foi moderado pela CEO para a América Latina do First Abu Dhabi Bank, Angela Martins.

Secretário-geral do Conselho Mundial das Comunidades Muçulmanas, Mohammed Bechari alertou para a necessidade de se olhar para o dinheiro como um mecanismo – e não uma finalidade – para se atingir objetivos que sejam importantes para pessoas ou empresas. “Temos que usar o dinheiro para garantir os objetivos, mas preservar os valores de uma economia ética.”
O secretário-geral da Câmara Islâmica de Comércio e Desenvolvimento, Youssef Khalawi, fez uma associação entre o que é o halal com uma economia sustentável e que precisa atingir até 2030 os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs).
“Halal não é apenas para os muçulmanos, foi endereçado para a humanidade conforme o Alcorão [livro sagrado do islamismo]. Vemos o potencial do halal como o único sistema alternativo que funciona para o capitalismo”, afirmou. “Halal green” é o tema do GHB neste ano, como forma de encontrar soluções para um mundo sustentável dentro dos conceitos halal.
Halal em árabe significa “permitido” e prevê um conjunto de produtos, atitudes e serviços que podem ser adotados e consumidos pelos muçulmanos. Nas finanças islâmicas não se pode, por exemplo, investir em dívida ou cobrança de juros. Uma alternativa são os sukus, títulos por meio do qual a pessoa ou empresa que o adquire se torna proprietária de uma parte de uma empresa.

CEO da DinarStandards, Rafi-uddin Shikoh participou do encontro à distância. Ele disse que a empresa monitora fintechs que atuam com finanças islâmicas. “São plataformas digitais que são terras férteis para financiar a inovação”, afirmou. Essas iniciativas, disse, investem em segmentos novos, como o mercado de crédito de carbono.
A gerente de relacionamento da Neem Capital, Luciana Oliveira, destacou um aspecto essencial na negociação com árabes: o diálogo. “Quando falamos em negócios no mundo islâmico, eles contam histórias, dão as boas-vindas, é muito semelhante à cultura brasileira. Não é só uma troca, existe uma história que é contada”, disse, sobre o processo de negociação.
O fórum foi promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e pela Fambras Halal Certificadora. O GHB teve como patrocinadores MBRF (Marfrig – BRF), MODON (Saudi Authority for Industrial Cities and Technology Zones), Seara, CaraPreta Carnes Nobres, EcoHalal, Emirates, Grupo MHE9, Laila Travel e Prime Company, SGS, com catering da Água Mineral Frescca e Pão & Arte Frozen Bread.
Foram parceiros estratégicos Islamic Chamber of Commerce and Development (ICCD) e Islamic Chamber Halal Services (ICHS). Também há apoio institucional da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Brazilian Beef, Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Brazilian Chicken, International Halal Academy e União das Câmaras Árabes (UAC).


