São Paulo – A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) e a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) promovem no dia 14, em São Paulo, o 6º Fórum Inovação: Agricultura e Alimentos para o Futuro Sustentável. O objetivo é debater o desafio de garantir alimentos para uma população mundial que poderá chegar a 9,3 bilhões de pessoas em 2050. Hoje, a população global é de 7,2 bilhões de habitantes.
De acordo com o diretor-executivo da Andef, Eduardo Daher, só o Brasil precisa ampliar em 40% a produção para cumprir sua parte nessa missão. Segundo a organização do fórum, o País deverá produzir este ano quase 200 milhões de toneladas de grãos, 26 milhões de toneladas de carnes, 35 bilhões de litros de leite e 1,2 bilhão de dúzias de ovos. A expectativa para os próximos 10 anos é ampliar em 30% a produção de grãos e carnes.
“O Brasil tem um papel fundamental na alimentação da população mundial”, disse Daher à ANBA. “O desafio é produzir mais no mesmo espaço, com sustentabilidade”, acrescentou. O tema Desafio 2050 foi lançado na edição do evento em 2013.
Nesse sentido, o fórum vai debater formas de disponibilizar mais alimentos sem que isso implique no aumento da área plantada, como, por exemplo, por meio de inovações tecnológicas, educação, extensão rural, fortalecimento da agricultura familiar, combate ao desperdício, saúde pública e até a culinária.
Daher informou que de tudo o que o mundo produz em alimentos, 30% é desperdiçado, além disso é preciso incorporar os avanços tecnológicos ao dia a dia do pequeno produtor, responsável por 70% da produção global. Ele destacou que uma em cada sete pessoas ainda passa fome no mundo. “Enquanto nos Estados Unidos, Europa e Oceania há desperdício e obesidade, em outras partes do mundo pessoas passam fome”, afirmou.
“Estamos convocando empresas de insumos agropecuários, produtores rurais e todos que participam deste trabalho para conversar com a sociedade como um todo”, declarou o executivo. “O desafio não é só de quem produz, mas também da sociedade”, acrescentou.
Nessa seara, ele ressaltou que o Brasil tem vantagens a apresentar, como o desenvolvimento científico capitaneado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e características climáticas e territoriais que permitem ao País ter duas safras por ano.
A produção brasileira, porém, ainda depende muito da importação de insumos, especialmente fertilizantes e defensivos agrícolas. Segundo Daher, a oferta local de minerais fosfatados e nitrogenados deverá avançar nos próximos anos, mas não há expectativa de autossuficiência, principalmente em potássio e produtos químicos usados na lavoura, mesmo no horizonte de 2050.
Ele destacou, no entanto, que não é objetivo do evento discutir gargalos já conhecidos do País, como, por exemplo, a infraestrutura deficiente de logística e transportes.
O fórum ocorre na semana em que se comemora o Dia Mundial da Alimentação (16 de outubro), instituído pela FAO, e no ano escolhido pela ONU como Ano Internacional da Agricultura Familiar.
Vão participar do debate o representante da FAO para o Brasil, Alan Bojanic; o presidente da Embrapa, Maurício Lopes; o coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Universidade de Campinas (Unicamp), Walter Belik; Rosa Alegria, representante no Brasil do grupo de estudos internacional Projeto Millennium; Mônica Rangel, chef de cozinha e fundadora do movimento Brasil à Mesa de promoção da culinária nacional; e o embaixador Marcos Azambuja, ex-secretário-geral do Itamaraty e coordenador da Rio92.
Serviço:
As inscrições para o fórum estão encerradas, mas será possível assisti-lo ao vivo pelo site www.forumagriculturaealimentos.org.br.


