São Paulo – O Fórum Econômico Mundial na América Latina, realizado no Rio de Janeiro nos dias 15 e 16, terminou em clima de otimismo e prevendo um novo ciclo de desenvolvimento na região, apesar da crise financeira internacional. “Os participantes da América Latina sentem que têm condições de enfrentar a crise em melhores condições do que em qualquer momento no passado”, disse Ricardo Villela Marino, CEO do Itaú/Unibanco para a América Latina e um dos co-presidentes do evento, segundo informações do site do Fórum.
O editor-chefe da revista norte-americana Foreign Police, Moisés Naím, declarou, segundo o site do evento, que o “humor” mudou desde a reunião anual do Fórum, realizada em Davos, na Suíça, há três meses. “Nós não estamos mais em queda livre, nós não estamos mais nesse humor calamitoso que percebemos em Davos”, afirmou.
Marino declarou também que muitas das condições necessárias para um novo ciclo de desenvolvimento sustentável já estão presentes na maioria dos países da região, como um sistema financeiro e bancário forte, abundância de recursos naturais, oferta de energias limpas e renováveis, equilíbrio entre os recursos naturais e o tamanho da população, consolidação das instituições democráticas e boa resistência dos fundamentos macroeconômicos à crise. “A América Latina é agora uma fonte de soluções”, ressaltou o diretor-gerente do Fórum Econômico Mundial, Robert Greenhill.
O executivo do Itaú/Unibanco, a maior instituição bancária do Brasil, declarou, no entanto, que hoje a América Latina tem que saldar um tipo diferente de dívida, não a financeira, mas a “dívida social”.
Ao final do evento, os participantes, segundo nota da organização, destacaram a necessidade de uma colaboração maior entre os setores público e privado no enfrentamento da crise e no fomento a esse novo ciclo de desenvolvimento. Isso consta da declaração adotada para ser entregue aos chefes de estado do continente na Cúpula das Américas, realizada neste final de semana em Trinidad e Tobago. “Embora traços distintos impulsionem as iniciativas públicas e privadas, é preciso uma colaboração mais intensa para enfrentar a turbulência econômica global”, diz o texto.
Segundo o documento, o ciclo deve ser estruturado em princípios como “uma arquitetura financeira internacional sólida, oportunidades educacionais consistentes, tecnologias limpas, uso sustentável de recursos naturais, fontes diversificadas de energia e um ambiente socioeconômico justo”.
“Precisamos de uma nova aurora na cooperação internacional, baseada em valores esclarecidos e na confiança mútua”, ressalta a declaração, segundo a qual os esforços dos governos e setor privado “devem se concentrar em instituições fortes, comércio livre e tecnologias sustentáveis”.
Nesse sentido, o texto cita cinco prioridades para a região: apoiar o financiamento de políticas anticíclicas por agências internacionais e bancos de desenvolvimento; encorajar a liquidez no curto prazo por meio de mecanismos bilaterais e multilaterais; revigorar o comércio e os investimentos internacionais evitando o protecionismo; estender as redes de proteção social bem sucedidas; e liderar a cooperação global na seara das mudanças climáticas e migração para uma “economia verde que inclua tecnologias limpas, fontes de energia sustentáveis e a conservação de ecossistemas”.
O texto foi enviado ao secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, em Washington, para apresentação na Cúpula das Américas. Por videoconferência, Insulza destacou a grande expectativa da América Latina sobre o governo do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Especialmente quando ele [Obama] diz que quer muito realizar políticas ‘conosco’, e não ‘para nós’”, afirmou o secretário-geral.

