São Paulo – Empresários e executivos à frente de grandes empresas e organizações do Brasil e do Egito estão propensos a trabalhar pela ampliação do relacionamento entre os dois países. A disposição foi demonstrada nesta quinta-feira (20) durante o Fórum Econômico Brasil-Egito (foto acima), que ocorreu no Cairo, com a presença de representantes do setores público e privado de ambos os lados.
Estiveram presentes nomes como o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone da Nóbrega, o CEO da Eicon, Luiz Alberto Rodrigues, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, e o secretário-geral da entidade, Tamer Mansour, entre outros. O evento foi realizado pela Global Council of Sales Marketing (GCSM) com a Câmara Árabe.
“Os egípcios estão muito animados e os brasileiros também”, disse Hannun, sobre a vontade das duas partes de trabalhar pelas relações Brasil-Egito. O encontro desta quinta-feira fez parte de uma agenda maior de delegação brasileira no Cairo, que inclui a realização da premiação World Company Award (Woca), da GCSM. Uma cerimônia de entrega acontecerá neste sábado (22).
As autoridades e lideranças empresariais egípcias presentes no fórum deixaram uma boa impressão entre os brasileiros ao mostrar os passos que o Egito tem dado na direção de facilitar os negócios e atrair empresas estrangeiras e investimentos. Diminuição da burocracia, modernização de setores e agilidade para abertura de empresas estão entre as medidas tomadas pelo Egito e apresentadas no evento. Os brasileiros puderam conhecer também o tamanho do mercado que o Egito pode abranger por meio de seus acordos de comércio com regiões como África e Europa.
Um dos palestrantes que falou sobre os avanços do Egito foi o presidente e CEO do Elsewedy Electrometer Group, Emad Elsewedy, que é também presidente pelo lado egípcio do Conselho Empresarial Brasil-Egito. O vice-ministro dos Investimentos e Cooperação Internacional do Egito e vice-presidente da Autoridade Geral para Zonas Francas e Investimentos (Gafi) do Egito, Mohamed Abdel Wahab, também falou sobre o assunto. Entre os grandes projetos que o país árabe desenvolve ou implantou recentemente estão a expansão do Canal de Suez, a construção de uma nova capital administrativa e a criação de uma nova zona franca.
As obras foram mencionadas na palestra de Rubens Hannun, quando ele falou do potencial que o Egito representa para o Brasil nas áreas de comércio e investimentos, em função de fatores como a sua grande população, o acordo de livre comércio que o país tem com o Mercosul, e os esforços que o Egito vem fazendo para renovação da infraestrutura, geração de empregos e dinamização da economia. “O país exibe hoje indicadores macroeconômicos dignos do interesse de qualquer investidor”, afirmou.
Hannun lembrou aos presentes que o Egito figurou em 2018 como o principal destino das exportações brasileiras no mundo árabe, que é um dos grandes compradores de proteína halal do Brasil e que empresas brasileiras de grande expressão têm subsidiárias no país. “Acreditamos que a parceria comercial Brasil-Egito deve ser vista por ambos os governos como estratégica e, dessa forma, nossa entidade faz tudo ao seu alcance para que a relação bilateral se desenvolva cada dia mais”, afirmou.
Ele relatou iniciativas realizadas pela Câmara Árabe para a aproximação dos dois países e os árabes em geral, como a realização do Fórum Econômico Brasil-Países Árabes em 2018, que recebeu uma grande delegação egípcia, e a promoção da presença de empresas egípcias em feiras de alimentos no Brasil. Hannun contou que a próxima edição do Fórum Econômico Brasil-Países Árabes ocorrerá em abril de 2020; e que será realizado em dezembro deste ano um fórum sobre logística pela Câmara Árabe e União das Câmaras Árabes, em Alexandria, no Egito.
O secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, fez uma palestra apresentando o atual estágio das relações econômicas do Brasil com o Egito e os entraves para que o comércio avance. Segundo ele, as exportações do Brasil ao Egito totalizaram US$ 2,1 bilhão em 2018 e aumentaram quase 50% em dez anos. As vendas do Egito ao Brasil cresceram 207% em uma década e somaram US$ 270 milhões no ano passado. O Brasil exporta aos egípcios principalmente carne bovina, minério e milho, e os egípcios enviam ao mercado brasileiro fertilizantes, azeitonas e algodão.
Mansour afirmou que as principais barreiras comerciais entre Brasil e Egito são, na verdade, dificuldades de acesso aos mercados por permissão de importações, requisitos de inspeção, requisitos de certificação e de embalagens. Ele fez sugestões de medidas que podem ajudar na solução dessas dificuldades, como o estabelecimento de comitês técnicos bilaterais, criações de missões técnicas, incentivo de relacionamento entre órgãos reguladores e fitossanitários dos dois países, e desenvolvimento de uma agenda sobre o tema em um conselho de negócios.
Outro tema bastante recorrente nas discussões do fórum foi a energia. A área esteve entre os temas abordados por Alckmin. Também foram temas de palestras o futuro das relações Brasil-Egito, o papel do Egito na economia africana, o acordo do Egito- Mercosul, a nova geopolítica econômica brasileira no atual momento global e o desenvolvimento regional como fator de contribuição ao crescimento de um país. Além das palestras, houve espaço para conversas e estabelecimento de contatos.
Também participaram como palestrantes e painelistas o presidente da Axway Latin America, Marcelo Ramos, o embaixador do Brasil no Cairo, Ruy Amaral, o diretor-geral Acordos de Comércio Bilaterais do Ministério de Comércio e Indústria do Egito, Michael Kaddes, o presidente da TV Cultura e presidente do Spring Group, José Roberto Maluf, o CEO do Grupo Articon, Reinaldo Papaiordanou, o CEO do Global Forest Bond, Eduardo Marson Ferreira, e o secretário de Economia, Finanças e Administração da Força Aérea Brasileira, Marcelo Kanitz Damasceno.
Marcelo Ramos foi o presidente do Fórum Econômico Brasil-Egito. “Me sinto provocado a descobrir o potencial que há nessa relação entre os dois países e conhecer esse mercado que ainda tem muito a oferecer em aprendizado e ricas experiências culturais e econômicas”, declarou ele.
Ainda entre os que falaram estiveram o CEO da Demanda e vice-presidente do Conselho Regional de Administração de São Paulo (CRA-SP), Silvio Pires de Paula, o CEO da Robert Wong Consultoria Executiva, Robert Wong, o prefeito de Barretos, Guilherme Avila, o fundador do Parlamento Codivar/Uvesp (Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal do Vale do Ribeira e Litoral Sul/ da União dos Vereadores do Estado de São Paulo), Marco Antonio Melhado, entre outros.
O fórum teve a presença do presidente e CEO Global do GCSM, Agostinho Turbian, e do presidente do conselho curador do GCSM, José De Podestá, entre outros representantes da iniciativa. A presidência de honra do Woca 2019 é de Rubens Hannun.