Até o início dos protestos na Líbia, Muamar Kadafi era muito bem recebido pelos governos da França e da Itália. Corre na imprensa italiana que a trupe de Kadafi, quando vinha a Roma, montava barraca no mais luxuoso dos estilos beduínos na Villa Doria Pamphilj, um dos parques mais elegantes da cidade, administrado pela prefeitura local. Fotos da época, comprovam o feito. A última visita: junho de 2009.
Na França não era diferente. Sem barraca, é claro, pois em Paris é preciso de um pouco mais de discrição, Kadafi foi recebido algumas vezes no Palácio do Eliseu. Uma das últimas em 2007, por Nicolas Sarkozy. Paparicos dos dois lados sempre tiveram um motivo econômico muito forte. A Líbia é o terceiro maior fornecedor de petróleo para a Europa. E em terras líbias operam as principais companhias da França e da Itália.
Jogos de poder
De um lado, a italiana Eni, a principal companhia petrolífera que opera no país árabe. Atua na extração e na distribuição de combustível. Os franceses com a Total ocupam o terceiro lugar. No jogo político, Paris se antecipou: tomou frente da invasão, enviou seus Mirage, assumiu o comando da operação e já reconheceu o governo de transição – postura bem diferente da que teve nas outras duas revoltas árabes recentes, a da Tunísia e a do Egito.
Roma ficou em cima do muro. Por conta da crise política interna, o governo italiano, esperou, esperou e só tomou uma decisão quando foi cobrado pela União Européia. Agora, a Itália tenta recuperar o tempo – e o terreno – perdido. Com os primeiros sinais do desfecho da revolta, a Eni retomou as atividades no país árabe. E Roma anunciou a liberação dos famosos fundos líbios, congelados por conta da guerra.
Contra-ataque
Paris contra-atacou. O governo francês declarou que será o primeiro da fila na reconstrução do país árabe. Que sustentará o governo de transição e garantirá os direitos da população e dos novos governantes, dando apoio militar à Líbia. Correm os boatos que tudo em troca de 35% dos contratos futuros de extração e distribuição de petróleo. Outro assunto em voga é que a França está interessada mesmo é no vento, na energia eólica, num mega-projeto que passaria por terras líbias.
Na janela, a disputa franco-italiana é observada por grupos da Espanha, Alemanha e Áustria. Observam pois sabem que Paris e Roma podem errar nos cálculos e acabar como as companhias petrolíferas que apostaram no Iraque: não consideraram um duro e longo período de instabilidade depois da guerra.
Energia renovável
A União Européia liberou cerca de 71 milhões de euros para a Jordânia. O valor, proveniente de fundos da UE, será destinado a investimentos nos setores de energia renovável e educação. “Esse novo aporte da Comissão Européia será concentrado em duas áreas fundamentais para o desenvolvimento do país: energia e educação”, afirmou Stefan Fule, da UE.
No campo da energia, a intenção é ir em busca da eficiência, contribuindo para a meta do país árabe que é a de produzir 10% de energia a partir de fontes verdes nos próximos anos. Para a educação, o objetivo é investir na formação de professores e melhorar a capacidade de controle do Ministério da Educação do país árabe.
* Com informações da ANSA.