Mutsamudu – Em Mutsamudu, capital da ilha de Anjouan, que faz parte das Ilhas Comores, faixas de terra nua compõem encostas verdejantes e exuberantes nas montanhas. Essa é a ilha mais montanhosa e povoada deste país árabe da África, composto por ilhas no Oceano Índico e que tem várias frentes atuando para reparar florestas desmatadas. “Perdemos 80% de nossas florestas naturais entre 1995 e 2014”, disse o ministro do Meio Ambiente das Ilhas Comores, Abubakar Ben Mahmoud, em entrevista recente à AFP.
Atividades como a produção de óleo essencial de ylang-ylang, usado em perfumes de luxo, e a fabricação das tradicionais portas de madeira entalhada, pelas quais a ilha é famosa, acabaram impactando as florestas. “O desmatamento se intensificou com os agricultores buscando terras aráveis para suas atividades”, disse o ministro. O governo falou que vai atuar pelo reflorestamento. “Faremos tudo o que pudermos para salvar a pouca floresta que nos resta”, disse o ministro do Meio Ambiente.
Uma organização local chamada Dahari lançou no ano passado um programa de reflorestamento que envolve agricultores. Com um contrato de conservação de cinco anos, esses agricultores se comprometem a replantar suas terras com árvores ou deixá-las em repouso em troca de compensação financeira, explica um dos gerentes do projeto, Misbahou Mohamed. A primeira fase incluiu 30 agricultores.
A indústria de óleo essencial de ylang-ylang vem tentando limitar o impacto da sua atividade. Comores estão entre os maiores produtores mundiais dessa flor amarela, com propriedades relaxantes e amplamente utilizada em perfumes famosos. A produção de ylang-ylang, baunilha e cravo compõe grande parte da agricultura do arquipélago, que representa um terço do Produto Interno Bruto (PIB) local.
Ilhas Comores têm cerca de 10 mil produtores de ylang-ylang, a maioria sediada em Anjouan, segundo relatório encomendado pela Agência Francesa de Desenvolvimento para um projeto de apoio às exportações agrícolas do país. A queima de madeira é a fonte mais barata de combustível para o processo de destilação, destacou o relatório. Alguns produtores, no entanto, estão limitando o uso de madeira.
O agricultor Mohamed Mahamoud, de 67 anos, afirmou ter reduzido o consumo pela metade ao modernizar equipamentos. “Agora uso alambiques de aço inoxidável de terceira geração, com um forno aprimorado, equipado com portas e chaminés”, disse. Ele trabalha com ylang-ylang há quase 45 anos. Para não explorar a floresta, a maior parte de madeira vem agora de mangueiras e árvores de fruta-pão que ele cultiva.
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