Alexandre Rocha
São Paulo – A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) assinou há cerca de três semanas um acordo, com autoridades islâmicas do Brasil, que obriga os associados da entidade a terem um degolador halal permanente em parte de suas unidades de produção de carne bovina. A medida será adotada em 30 plantas, quase a metade dos abatedouros pertencentes aos membros da associação. A informação foi dada ontem (08) à ANBA pelo diretor-executivo da Abiec, Antonio Jorge Camardelli.
"O setor de carne do Brasil é muito competitivo, especialmente nos produtos destinados aos mercados que exigem abate ritual", disse Camardelli. "Agora o importador vai poder ligar 24 horas e encontrar um degolador halal", acrescentou.
O abate halal é o feito de acordo com as regras islâmicas, por um abatedouro certificado pelas autoridades muçulmanas. Além de atender aos requisitos religiosos, o Brasil, segundo Camardelli, tem uma oferta competitiva de produtos ao gosto do consumidor árabe, como a parte dianteira do boi e carnes com pouca gordura.
Os países árabes já são grandes compradores de carne bovina brasileira. No período de janeiro a junho deste ano o Egito ficou em segundo lugar entre os maiores compradores do produto in natura, com 96,7 mil toneladas importadas a quase US$ 96 milhões, com um crescimento de 111% nas receitas obtidas e de 60,9% na quantidade embarcada em relação ao mesmo período de 2003, de acordo com dados divulgados ontem pela Abiec.
No mês de junho o país do Norte da África ficou em sexto lugar entre os compradores com 12,9 mil toneladas importadas a US$ 12,6 milhões, um aumento de 55,7% nas receitas e de 19,7% no volume em comparação com junho do ano passado.
Já a Arábia Saudita ficou em 10° lugar entre os maiores compradores da carne bovina in natura no semestre, com importações de 27,4 mil toneladas a US$ 31,2 milhões, um crescimento de quase 40% no valor e de pouco mais de 3% na quantidade embarcada em relação aos primeiros seis meses de 2003.
Em junho a Arábia Saudita ficou em oitavo lugar entre os importadores, pois comprou 5,3 mil toneladas a US$ 5,9 milhões, com um amento de 90,7% nas receitas e de 43% no volume em comparação com junho do ano passado.
Geral
No total, o Brasil exportou 838,6 mil toneladas de carne bovina a US$ 1,088 bilhão entre janeiro e junho, com um crescimento de 28,3% na quantidade embarcada e de 69% nas receitas em comparação com o mesmo período do ano passado. Em junho, foram enviadas 166,4 mil toneladas ao exterior a US$ 222,2 milhões, um aumento de 56,4% no volume e de mais de 100% no valor em relação a junho de 2003.
Como fatores que influenciaram o crescimento das vendas externas, Camardelli citou os preços competitivos do produto brasileiro, apesar do aumento do valor médio, sua qualidade e a abertura de novos mercados, como o da Líbia, por exemplo, país árabe localizado no Norte da África.
Ele acrescentou que ainda há muito espaço para crescer, pois os países importadores de carne compram anualmente 7 milhões de toneladas, e o Brasil só tem acesso a 50% dos mercados. Compradores importantes como os Estados Unidos, Coréia, Japão, Canadá, México e Taiwan ainda não importam do Brasil. Mas, de acordo com o diretor da Abiec, as barreiras sanitárias e técnicas impostas por estes países não vão durar para sempre.

