Cairo – A empresa Fruttella Food Industries, do Egito, pretende exportar frutas cítricas egípcias para os mercados latino-americanos através do Brasil. O presidente e CEO da companhia, Ahmed Sarhan, disse que Frutella quer vender mil toneladas de frutas cítricas e outras frutas para o Brasil durante este ano, como um primeiro passo de ingresso na região. Sarhan afirma que o mercado brasileiro é enorme e promissor e que, diferente dos países árabes e europeus, tem como atrativo a escassez de concorrentes, o que incentiva a empresa a suportar os longos períodos de transporte necessários para levar os produtos até a América Latina.
Em entrevista à ANBA, Sarhan explicou que muitas empresas egípcias conseguiram exportar volumes significativos para o Brasil durante o ano passado, apesar do tempo de frete. Ele também elogiou o papel desempenhado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira em ajudar as empresas egípcias a exportar ao Brasil. “A Câmara de Comércio Árabe Brasileira tem peso no Brasil, respeita o exportador e trabalha para superar quaisquer obstáculos que eles possam enfrentar. Ademais, há um desejo mútuo dos governos para aumentar o intercâmbio comercial entre os países árabes e o Brasil”, disse o empresário para a reportagem.
Fundada em 1935, a Frutella é uma empresa produtora e exportadora de produtos agrícolas. Entre os itens embarcados ao exterior destacam-se frutas cítricas, romãs, mangas e cebolas, que são destinados para mais de 40 países ao redor do mundo, incluindo Canadá, França, Inglaterra, Suécia, Dinamarca, Rússia, Ucrânia, China, Austrália, além de alguns países africanos.
Segundo Sarhan, a empresa possui área produtiva de cerca de 100 hectares na cidade de Kafr Shukr, na região do Delta do Nilo, e também uma nova fazenda no início da rodovia El Dabaa Road, em uma área com mais de 400 hectares. A capacidade de produção da Frutella é de cerca de 38 mil toneladas por ano, enquanto exporta cerca de 20 mil toneladas anuais. Uma grande parte dos produtos exportados é proveniente das fazendas da empresa e outra parte é fornecida por outras propriedades agrícolas, cuja produção está sujeita ao controle da empresa.
Aprimoramento
O empresário relata que a empresa está interessada em tornar seu produto diferenciado em termos de plantio, colheita, embalagem e transporte adequados para conquistar a confiança e admiração dos clientes em diferentes países do mundo. Segundo ele, 70% da qualidade das laranjas, por exemplo, depende de que a colheita e o transporte sejam realizados da maneira cientificamente correta, especialmente se for longa distância. A empresa importou tesouras da Espanha para evitar que as laranjas sejam arranhadas na colheita, afetando a qualidade.
Para ampliar sua presença no mercado internacional, a Frutella pretende participar de exposições internacionais especializadas ao redor do mundo, tais como a Fruit Logistica, em Berlim, na Alemanha, a Fruit Attraction, em Madri, na Espanha, e a World Food Moscow, em Moscou, na Rússia. Segundo o empresário, sua companhia tem planos de estar presente também em feiras no Brasil no futuro.
A guerra russo-ucraniana
A Fruttella não foi afetada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, especialmente porque o volume de exportação para esses dois países não era grande. Segundo Sarhan, a empresa não tem preferência por mercados já saturados, optando por focar em países distantes, apesar das dificuldades com o transporte. Mas a guerra russo-ucraniana foi uma das razões que fizeram a Frutella voltar a atenção para o mercado local e oferecer produtos destinados à exportação a grandes supermercados do Egito, como Carrefour, Hyper, Oscar, Saudi, Metro, Fresh Food Market e Panda. Ele conta que a iniciativa teve boa receptividade, uma vez que são produtos seguros e em conformidade com as especificações europeias, além de terem sido inspecionados pelo Ministério da Agricultura do Egito.
Sarhan afirma que a grande demanda local pelos produtos da empresa confirmou que o mercado egípcio apresenta grandes oportunidades, o que fez a Frutella também importar frutas, sob o nome da companhia, para fornecê-las aos supermercados do Egito com as mesmas especificações de segurança e qualidade que os produzidos internamente. Ele conta que a Frutella obteve o certificado Global G.A.P. para fazendas que atendem as especificações europeias, além de outras certificações internacionais, que aprovaram a qualidade dos produtos, fazendas e embalagens.
Traduzido do árabe por Georgette Merkhan