São Paulo – A Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) pretende aproximar o Brasil e os países árabes para discussões e pesquisas sobre a história diplomática e as relações internacionais. A presidente da Funag, a embaixadora Márcia Loureiro, visitou a sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na capital paulista, nesta quarta-feira (06), e conversou sobre o assunto com o presidente da instituição, o diplomata Osmar Chohfi, e o vice-presidente de Relações Internacionais, Mohamad Orra Mourad. A Funag e a Câmara Árabe devem trabalhar juntas pelo objetivo.
A Funag é vinculada ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil e funciona como um Think Tank da história da diplomacia e das relações internacionais, promovendo o desenvolvimento de estudos e pesquisas, além de atividades culturais e pedagógicas na área. A missão é levada adiante principalmente por meio de duas estruturas, o Centro de História e Documentação Diplomática, no Rio de Janeiro, e o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, em Brasília.
“Nós fazemos um grande esforço para democratizar o acesso ao conhecimento sobre esses temas e para formar uma opinião pública no Brasil sensível às questões da convivência internacional”, explicou Loureiro à reportagem da ANBA, em entrevista após a reunião com as lideranças da Câmara Árabe. A diplomata vê grande benefício nessa democratização. “Quanto mais a sociedade brasileira acompanha e conhece as temáticas internacionais, mais isso enriquece o trabalho diplomático, o trabalho de formulação da política externa, ele não pode prescindir desse diálogo com a sociedade”, afirmou.
A Funag completou 50 anos de existência no ano passado. No comando da fundação desde julho de 2021, a diplomata Loureiro tem como metas, a partir de uma reflexão sobre o cinquentenário, garantir o padrão de excelência da produção intelectual da Funag dos últimos 50 anos, a colaboração com unidades do Itamaraty e assegurar a relevância dos assuntos abordados. “Discutir aqueles temas que sejam realmente importantes para a inserção e a projeção internacional do Brasil”, explicou.
Outro objetivo é trazer novos olhares e vozes para a fundação, incorporando equidade de gênero, diversidade e espaço para pensadores das relações internacionais de todo o Brasil – não apenas do eixo Rio-SP-Brasília. Também é meta fortalecer e desenvolver parcerias com entidades congêneres e Think Tanks brasileiros e estrangeiros que atuam dentro das temáticas da Funag. Há ainda uma grande frente para tornar a fundação mais conhecida mediante estratégia digital, levando o seu nome ao público geral, além do especializado, e para fora das fronteiras do Brasil.
A presidente da Funag afirma que a visita à Câmara Árabe se insere nesses propósitos. Com Chohfi e Mourad, a diplomata discutiu a possibilidade de colaboração para a produção de conteúdos que possam aprofundar o conhecimento recíproco entre o Brasil e o mundo árabe em comércio, investimentos, cultura, história diplomática, ciências e tecnologia. A ideia é promover conjuntamente simpósios, workshops, mesas redondas, seminários e publicações. “Vamos tentar identificar temáticas de interesse comum para promover essa aproximação e esse diálogo entre o meio acadêmico nos países árabes e no Brasil”, afirma.
Em entrevista à ANBA, Chohfi elogiou o trabalho altamente eficiente da fundação e falou das possibilidades de cooperação com a Câmara Árabe. “É um dos Think Tanks mais significativos que temos no Brasil, mais especialmente dedicado a temas ligados à área internacional”, disse. A Câmara Árabe deve cooperar por meio do seu braço cultural, a Casa Árabe. “Há uma possiblidade de que a Câmara possa realizar ações conjuntas com a fundação em termos de webinars, seminários, copatrocínio de edições de publicações, sobretudo em temas ligados ao mundo árabe, seja de autores brasileiros, seja de autores árabes”, disse. A instituição também deve ajudar a estabelecer cooperação entre a fundação e entidades árabes afins.