Dubai – O total administrado por fundos soberanos chegará a US$ 15 trilhões em 2020, segundo Fatima Al Arabi, da Arábia Saudita, especialista no tema e fundadora Alaf Capital, empresa de consultoria de investimentos. Ela foi uma das participantes de um painel sobre fundos soberanos e de private equity e estratégias de investimentos sustentáveis, nesta terça-feira (10) no Annual Investment Meeting (AIM), conferência em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Fundos soberanos são formados por governos para usar o dinheiro proveniente de alguma atividade básica, como exportação de commodities, para garantir que a riqueza será utilizada em prol de gerações futuras. Os países árabes do Golfo mantêm fundos do gênero que investem petrodólares em diferentes setores ao redor do mundo. Eles são uma fonte importante de investimentos estrangeiros diretos (IED).
Nesse sentido, a preocupação com a sustentabilidade é de grande importância, dada a missão destes fundos de apoiar as gerações futuras. “A sustentabilidade é o ponto central dos fundos soberanos”, comentou Fahad Al Sharekh, do Kuwait, sócio gerente da empresa de investimentos Techinvest.
O CEO do banco de investimentos Emirates NBD Capital, Ahmed Al Qassim, disse, no entanto, que os investidores olham mais para o retorno do que as características sustentáveis de um projeto, a não ser que o fundo que está aplicando dinheiro seja obrigado por estatuto a investir em empreendimentos sustentáveis, ou se for regido pelo regime de finanças islâmicas.
Fatima Al Arabi afirmou, no entanto, que rentabilidade e sustentabilidade não são excludentes. Ela citou fundos que seguem tradições islâmicas. “As finanças islâmicas são sobre sustentabilidade social”, disse. O sistema, segundo ela, funciona com uma baixa taxa de risco e não investe em empresas que utilizem trabalho infantil ou que produzam armas, por exemplo, ou ainda que usem alvejante para limpeza de navios, pois causa poluição no mar. “O investimento tem que valer para a sociedade”, declarou.
Dinheiro disponível
Sharekh, da Techinvest, explicou que houve uma mudança no perfil dos investimentos dos fundos soberanos nos últimos anos. Até a crise financeira de 2008, estas instituições investiam mais no setor imobiliário e em títulos públicos, mas agora migaram para participações em negócios privados e fornecendo capital para novos empreendimentos (private equity e venture capital). “Depois da crise, eles viram que deveriam diversificar”, destacou.
E parte destes recursos estão indo para negócios que estão no início e não apenas para empresas consolidadas. Ele citou como exemplo projetos de desenvolvimento da indústria de alimentos e de agricultura experimental. Sharekh acrescentou que empresas de private equity e venture capital têm em mãos atualmente cerca de US$ 1 trilhão em recursos disponíveis, parados nos bancos.
Fatima Al Arabi disse ainda que a África deverá ser um grande foco dos fundos no futuro próximo. “O potencial é ilimitado”, ressaltou.