Geovana Pagel e Giuliana Napolitano
São Paulo – O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, convidará o ministro do Comércio Exterior do Egito, Youssef Boutrus Ghaly, para participar de uma reunião de negócios entre o Egito e o Mercosul, em junho, em Buenos Aires, Argentina. A carta-convite será entregue pelos presidentes da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), Paulo Sérgio Atallah, e da Agência de Promoção das Exportações do Brasil (Apex-Brasil), Juan Quirós, em encontro que terão com Ghaly no domingo (28).
De acordo com Atallah, a carta convida Ghaly a participar como observador. "Nessa reunião, vai se falar basicamente do relacionamento comercial entre o Brasil e o Egito. Isso tende a caminhar para um acordo de livre comércio entre o Egito e o Mercosul", afirmou o presidente da CCAB.
Ele e Quirós chegaram ontem ao Egito, onde ocorre a 37ª Feira Internacional do Cairo (Cairo International Fair), o maior evento de negócios do país.
Segundo o presidente da Apex, "a carta do ministro Furlan deixa claro que temos como estratégia aproximar os dois países (Brasil e Egito) para negócios". Quirós afirma que a idéia é mostrar a responsabilidade assumida pela agência de abrir novos mercados para o país e também permitir que outros países participem do mercado brasileiro.
"Queremos estabelecer um comércio com via de mão dupla. Queremos vender os produtos brasileiros e também mostrar que estamos abertos para receber os produtos egípcios", declarou.
Reunião com empresários
Hoje (25), Atallah e Quirós participam de uma reunião de negócios na Associação dos Empresários Egípcios – a Egyptian Businesman Association (EBA) -, com a presença de cerca de 50 empresários egípcios e os brasileiros que participam da Feira do Cairo. "O objetivo é ampliar a base exportadora do Brasil para cá (Egito) e daqui para o Brasil", resumiu Atallah.
O principal assunto a ser discutido na reunião será o Conselho Empresarial Brasil-Egito, criado durante a visita do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país, em dezembro. Conforme informou à ANBA ontem (24) o cônsul comercial do Egito em São Paulo, Mohamad Bakry Agami, a primeira reunião do conselho deve ocorrer em São Paulo neste ano, "mas ainda não há uma data fechada".
A primeira reunião do "lado egípcio" do Conselho, que é formado por empresários locais, ocorreu no último dia 15, no Cairo. Nessa reunião, o secretário-geral da CCAB, Michel Alaby, apresentou um estudo feito pela Câmara em parceria com o Consulado Egípcio em São Paulo sobre cerca de 20 produtos que podem ser exportados para o Brasil.
Entre esses produtos estão roupas, algodão, fosfato, fertilizantes, essências para perfumes, remédios, alimentos, como vegetais e frutas em lata, produtos químicos, cimento e areia – que pode ser usada para fazer cristais, objetos de porcelana e de cerâmica.
Durante a reunião, a segunda secretária da embaixada brasileira no Cairo, Jandira Gill Chalu, "ressaltou a importância de aumentar o relacionamento comercial entre os dois países", informa nota divulgada pela EBA.
A nota informa ainda que Ghaly está "planejando uma visita ao Brasil em junho" – ele veio ao país no final do ano passado, após a viagem de Lula aos países árabes. A EBA diz ainda que o ministro será "acompanhado por uma delegação de empresários egípcios, que tem como objetivo aumentar as exportações do país para o Brasil e para a América Latina".
Crescimento de 140%
Após a visita do Presidente Lula ao Egito, o comércio entre os dois países cresceu 140%. As exportações deste ano alcançaram US$ 150 milhões contra US$ 60 milhões em igual período do ano passado. Com isso o Egito, que era o terceiro maior comprador do Brasil na região, passou a ser o primeiro do ranking, em termos de receitas.
As importações, porém, caíram de US$ 778 milhões nos dois primeiros meses de 2003 para US$ 721 milhões em janeiro e fevereiro de 2004, concentradas basicamente em petróleo, nafta e diesel. Por isso o Egito trabalha para ampliar seus negócios no país e na América Latina.

