São Paulo – O G20, grupo das principais economias desenvolvidas e emergentes, divulgou nesta sexta-feira (06) um comunicado em que reconhece que a recuperação da economia global é fraca e que ainda é preciso adotar medidas que tragam de volta a geração de empregos e o crescimento dos países. A nota foi publicada no fim da oitava reunião de cúpula do bloco, realizada em São Petersburgo, na Rússia.
“As perspectivas de crescimento global para 2013 foram revistas para baixo desde o ano passado, o reequilíbrio global está incompleto, as disparidades regionais de crescimento permanecem amplas e o desemprego, particularmente entre os jovens, continua inaceitavelmente elevado. Apesar das nossas ações, a recuperação é muito fraca”, afirma o documento.
O G20 considera como “principais desafios à economia” o fraco crescimento e o desemprego persistente, a fragmentação dos mercados na Europa e a implantação da união bancária, o lento crescimento dos países emergentes, baixo volume de investimento privado, dívida pública elevada em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), incertezas sobre políticas fiscais e desequilíbrio da demanda global.
Em relação aos países emergentes, o comunicado do G20 alerta que o baixo crescimento é resultado, em alguns casos, da grande volatilidade de capital (entrada e saída de dólares), condições financeiras “apertadas”, volatilidade nos preços das commodities e desafios domésticos “estruturais”.
Uma das medidas adotadas para combater os efeitos do câmbio foi anunciada na quinta-feira (05) pelos países do grupo Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Eles irão criar um fundo com US$ 100 bilhões que poderá ser usado por estes países para se proteger de variações no fluxo de dólares.
Os países emergentes estão sofrendo com a alta volatilidade dos mercados de câmbio desde que o banco central dos Estados Unidos, o Fed, sinalizou que deverá retirar estímulos à economia norte-americana porque já há sinais de recuperação, especialmente o sistema de recompra de títulos públicos que injeta dinheiro em circulação. O dólar se valorizou principalmente em relação a moedas de países em desenvolvimento.
Nesta sexta-feira, porém, os Estados Unidos anunciaram que foram criados 169 mil empregos em agosto, abaixo do esperado. No Brasil, o dólar registrava queda de 1,1% às 14h28 e era cotado a R$ 2,29.
O G20 afirmou que seu “objetivo imediato” é trabalhar para criar empregos e promover o crescimento das economias avançadas para que tenham reflexo na economia mundial. O G20 apoia também, no comunicado, os projetos de investimento em infraestrutura anunciados por alguns países, como o Brasil. Em nota, a Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirmou que já havia proposto o investimento em projetos de longo prazo, como os de infraestrutura, para fortalecer a economia.
Em comunicado divulgado também nesta sexta-feira, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou que “muito ainda precisa ser feito” para que a economia global “funcione bem”. Assim como a nota do G20, ela afirmou que as ações de combate à crise precisam ser coordenadas pelos países e pediu que as medidas adotadas pelas autoridades financeiras sejam “claramente comunicadas”.
O próximo encontro do G20 será realizado em novembro de 2014, em Brisbane, na Austrália. O grupo é formado por Argentina, Arábia Saudita, Austrália, Brasil, África do Sul, Canadá, China, França, Alemanha, Indonésia, Itália, Índia, Japão, Coreia do Sul, México, Rússia, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos e pela União Europeia. Juntos esses países são responsáveis por 90% da economia mundial e aproximadamente 65% da população.


