Marina Sarruf
São Paulo – A empresa brasileira Galileia, especializada na fabricação de biquínis, maiôs e roupas de ginástica, achou na exportação a solução para não ficar parada durante o inverno, período que as vendas nacionais do setor diminuem. Há três anos a companhia iniciou negócios com alguns países da Europa. Hoje, a empresa já exporta para 25 países, entre eles o Líbano e a Síria.
O primeiro passo da Galileia foi participar de uma palestra de exportação realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em 2001. "Nesta época estava vindo da Espanha uma estilista interessada em levar para o país biquínis brasileiros e a nossa empresa foi escolhida para fazer um desfile lá", relata Nicolas Katsorchis, diretor da Galileia.
Antes de começar a exportar a companhia produzia cerca de 4 mil a 5 mil peças por mês. Atualmente é produzida uma média de 10 mil peças por mês. "Hoje posso produzir até 20 mil peças por mês, se forem mais simples, sem bordados", afirma Katsorchis. No primeiro ano, 15% da produção foi embarcada para o mercado externo, no segundo ano 25% e este ano deve chegar a 50%.
"No ano passado houve uma queda muito grande nas vendas para o mercado interno porque quase não tivemos verão. Então graças ao mercado externo estamos conseguindo um crescimento", explicou Katsorchis, que só no primeiro semestre de 2004 exportou 70% de sua produção.
De acordo com o empresário, a adaptação da companhia para exportar é um processo contínuo. "Agora, o controle de qualidade das peças é muito mais rígido, não pode ter um centímetro a mais", explicou.
Depois de começar a exportar, a Galileia montou um departamento de exportação, no qual a responsável fala duas línguas, criou um catálogo com quatro idiomas e com símbolos internacionais de instruções de lavagem, informatizou o sistema de produção e passou a usar elástico de borracha pura nas peças para atender as normas do padrão de qualidade. Também o número de funcionários internos passou de sete para 13.
O empresário ainda conta com o apoio de 150 funcionários indiretos, que são terceirizados dependendo do volume da produção. "Só de costureiras são 100, antes de começar a exportar eram 50. Elas trabalham em oficinas comandadas por uma costureira-chefe, que distribui o trabalho para a equipe", explicou Katsorchis, que paga por biquíni produzido para as oficinas. "Agora, eu fico mais seguro na hora de contratar uma bordadeira, por exemplo, pois eu sei que vou ter serviço para ela durante o ano inteiro", afirmou ele.
Biquínis brasileiros
De acordo com Katsorchis, a Galileia não teve que fazer muitas adaptações no modelo de biquínis vendidos para o mercado externo. Noventa por cento das peças exportadas são do corte brasileiro (modelo pequeno), mas a empresa também fabrica modelos maiores para o mercado americano e europeu.
"O Brasil está em primeiro lugar no mundo como referência em moda de praia. O biquíni brasileiro está em alta lá fora, temos que aproveitar", afirmou o empresário.
Katsorchis acredita que existem quatro itens principais para que o biquíni brasileiro seja bem aceito no mercado externo: desing, qualidade, credibilidade e preço.
Marca Mar Egeu
A pequena empresa Galileia foi fundada pelo pai de Nicolas Katsorchis em 1967, especializada em agasalhos para uniformes escolares de nylon. "Meu pai comprava o fio, fazia o tecido, tingia e produzia os agasalhos. Aí, quando começou a entrar a lycra no Brasil começamos a trabalhar com roupas femininas com este tecido", explicou Katsorchis.
Há dez anos foi criada a marca Mar Egeu, voltada para a moda de praia e academia de ginástica, que fez com que a empresa Galileia se tornasse especializada em roupas com lycra e suplex. Em 2003, a Mar Egeu entrou para o consórcio Tropical Spice, grupo criado em 1999 que tem 54 empresas associadas e exporta moda brasileira para mais de 20 países.
Hoje, a Mar Egeu vende para multimarcas no mercado interno e trabalha com traders e representantes na França e em Porto Rico. "Exportamos também pelo Exporta Fácil, por via aérea ou por currier, dependendo do volume", disse Katsorchis.