São Paulo – Em um país como o Brasil, em que a moda geralmente dita tendências de pernas, braços e ombros de fora, cobrir o corpo dos pés à cabeça não é algo considerado propriamente "fashion". Mas para as brasileiras muçulmanas, para as quais o uso do hijab, o véu islâmico, é uma questão religiosa, o ato de cobrir os cabelos também pode ser feito com estilo e bom gosto. Apostando neste segmento é que a gaúcha Falastin Zarruk criou, no final de 2010, um blog para ajudar outras mulheres que, como ela, usam o hijab em terras brasileiras e gostam de variar os estilos.
"A proposta do blog começou para desmistificar o uso do hijab. Hoje, o número de convertidos [ao islamismo] é muito grande [no Brasil], mas há poucas pessoas para darem informações [sobre o uso das roupas]", explica Falastin. "O blog é um espaço para dar dicas de como usar e como não usar [o hijab]", diz a moça de 23 anos, técnica em Moda pelo Senac, e que vive em Canoas, no Rio Grande do Sul.
Ela conta que não usava o hijab até passar uma temporada de três anos morando em um vilarejo perto de Ramallah, na Cisjordânia. No local, nasceu o seu avô, que deixou a Palestina e veio ao Brasil como mascate, casou-se com uma brasileira e formou família, como tantos imigrantes árabes que ajudaram a compor a grande colônia de descendentes que hoje integram o país. "Nunca tive interesse pelo hijab", revela. "Quando comecei a usar foi por motivos culturais, porque eu morava no interior e as meninas de lá usavam. Depois é que passei a usar por uma questão religiosa", afirma.
O blog fez tanto sucesso que, em janeiro deste ano, ela criou sua própria grife de hijabs, a Fay.Z. Atualmente, a média de pedidos gira em torno de 30 véus por mês. As clientes podem escolher entre os modelos criados por Falastin ou podem encomendar um ao seu próprio gosto. Além dos véus, ela também vende alfinetes e outros acessórios como botons, masbahas (terços islâmicos), almofadinhas para alfinetes e, a partir da próxima coleção, a Fay.Z terá também as tradicionais abayas, roupas que cobrem o corpo todo. A coleção nova deve sair em até dois meses e trará ainda uma linha infantil.
O blog tem uma média de visitantes de 1,8 mil acessos mensais. Entre as internautas estão desde muçulmanas querendo dicas para o uso do hijab no dia a dia ou em festas até pessoas curiosas por saber mais sobre o uso do véu. "Tem bastante gente de outras religiões que elogia o blog, agradecem porque esclareço sobre o uso do hijab", conta Falastin.
Para ajudar as muçulmanas brasileiras na criação de "looks" com seus hijabs, Falastin produz vídeos que mostram passo a passo desde como colocar o véu na cabeça, prender com os alfinetes, abaixar as ondas do véu, etc. E para quem tiver dúvidas, é só deixar uma mensagem para a blogueira. "Sempre procuro responder aos comentários e pedidos."
Falastin conta que tem clientes em todo o Brasil e já enviou suas peças para muçulmanas de São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Brasília, por exemplo. Os preços das peças variam entre R$ 16 e R$ 25. Elas são produzidas em tecidos como crepe de seda sintética, viscolycra ou viscose. Estes dois últimos, diz Falastin, não eram usados na confecção de hijabs e são uma novidade da Fay.Z.
Apesar de seu trabalho com os hijabs, em sua casa, Falastin é a única mulher que usa o véu. Sua irmã mais nova tem apenas nove anos e ainda não usa o hijab, que é obrigatório pela religião apenas após a menarca das meninas. Já sua mãe era católica e é recém-convertida ao islamismo. Ela também não faz uso do véu. "Acredito que o uso do hijab tem que vir do coração. De modo algum quero que ela se sinta obrigada", diz.
Serviço
Blog Fay Hejab
http://fayhejab.blogspot.com
Onde encontrar os produtos Fay.Z
www.soukbrasileciadobrasilepelomundo.com/produtos

