São Paulo – O Rio Grande do Sul é um dos estados brasileiros que mais exporta ao mercado árabe, mas o setor privado local quer crescer no fornecimento e na diversificação dos produtos enviados à região. Como fazer esse avanço acontecer e em quais setores há potencial para isso foram discutidos nesta terça-feira (31) no webinar “Oportunidades de Negócios nos Países Árabes”, com a presença de empresários gaúchos.
O encontro virtual foi promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) e a Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O secretário-geral e CEO da Câmara Árabe, Tamer Mansour, e o gerente de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiergs, Luciano D’Andrea (foto acima), mostraram como o estado está posicionado nas vendas aos árabes e em que áreas acreditam que há possibilidade de avanço.
Dados da Câmara Árabe mostram que de janeiro a julho deste ano, os gaúchos exportaram aos árabes US$ 598 milhões em produtos, com crescimento de 19,5% sobre o mesmo período de 2020. Eles importaram de países árabes US$ 815 milhões em mercadorias, com alta de 40,5% na mesma comparação. O Rio Grande do Sul teve déficit na balança comercial com a região, mas foi o quarto estado do Brasil que mais exportou aos árabes e o segundo que mais comprou da região.
O Rio Grande do Sul importou dos países árabes nos primeiros sete meses de 2021 principalmente combustíveis e fertilizantes e exportou à região principalmente carne de frango, tabaco, trigo e soja. “Há um espaço muito grande para se trabalhar aquilo que envolve mais conhecimento da cultura, dos hábitos”, disse D’Andrea, citando o turismo, o mercado de produtos halal (apropriado para muçulmanos) e o vestuário.
Fazendo uma análise dos dados de 2019, período de antes da pandemia, o executivo da Fiergs apontou que apesar da pauta de vendas concentrada, o estado envia uma diversidade de produtos aos árabes, mesmo que a exportação seja de pequenos valores. Isso significa que existe já precedente de exportação, de acordo com D’Andrea. “Não importa o valor, para uma pequena empresa não é o valor que importa”, disse o executivo.
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Na lista do que os gaúchos já exportam ao mercado árabe estão animais vivos, ferramentas, couro, plásticos, máquinas, frutas, produtos químicos, borracha, cereais, madeira, calçados, móveis, entre outros. As carnes, no entanto, somam mais da metade do exportado e o tabaco quase 15%, segundo dados de 2019. Tamer Mansour nomeou áreas nas quais acredita que existem chances de vendas da indústria gaúcha para o mercado árabe: equipamentos esportivos, utensílios domésticos, medicamentos e ração.
Árabes compram por e-commerce
O secretário-geral da Câmara Árabe deu aos gaúchos uma visão sobre os países árabes, suas características econômicas e demográficas. Segundo ele, há 428 milhões de habitantes na região e um quarto da população é muito jovem, tem entre 10 e 24 anos, o que influencia no perfil do empresário com quem os brasileiros vão negociar na região. Mansour também contou do consumo halal entre os árabes e do crescimento do e-commerce.
O valor comercializado em plataformas eletrônicas no Oriente Médio e Norte da África (Mena) deve somar US$ 30 bilhões neste ano, acima dos US$ 22 bilhões de 2020. Do total de usuários de internet na região, 48% fazem compras por e-commerce. Mansour contou que a Câmara Árabe está trabalhando para inserir empresas brasileiras nas plataformas árabes de comércio eletrônico e chamou os empresários gaúchos a participarem do projeto.
O coordenador do Conselho de Comércio Exterior da Fiergs, Aderbal Fernandes Lima, participou do encontro e demonstrou interesse em dar andamento à aproximação com o mercado árabe e a Câmara Árabe. Participaram cerca de 50 pessoas, entre executivos da Câmara Árabe, da Fiergs e outras entidades, além de representantes de empresas.