São Paulo – Um estudo preparado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) revela que Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar são os mercados mais atrativos para fabricantes nacionais de materiais de construção, entre os países que fazem parte do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC). O bloco inclui ainda Bahrein, Kuwait e Omã.
O documento informa que, apesar de os Emirados Árabes terem sido o foco das atenções na área de negócios nos últimos anos, Catar e Arábia Saudita têm se sobressaído melhor da crise. "O Catar se destaca, principalmente, pelo seu extraordinário crescimento. A Arábia Saudita pela robustez de sua economia: o valor dos contratos de construção nesse país cresceu 230% nos seis primeiros meses de 2009”, aponta o relatório.
O levantamento da Apex ressalta também ações importantes, que estão sendo realizadas por governos da região do Golfo e irão impulsionar ainda mais o setor de construção. Entre elas: o governo do Catar concederá empréstimos de quase US$ 900 milhões para os cidadãos do país, por meio do Qatar Development Bank. O objetivo é reerguer o setor imobiliário.
No Bahrein, destaque para a construção de 600 novas casas, que contarão com financiamento do setor público. Recentemente, o governo local fez um convite às empresas privadas para participarem da ação.
Outro ponto é a questão do transporte. Em Omã, a construtora turca Makyol celebrou o contrato de US$ 325,5 milhões para construir 126 quilômetros de estrada. Outra construção de grande porte na região é a ponte da amizade Bahrein-Catar, com o total de 40 quilômetros de comprimento, com o início previsto para 2010, ao custo de US$ 3 bilhões. Os dois países já alocaram US$ 500 milhões de seus orçamentos para este projeto.
Brasil
Sobre as exportações brasileiras de materiais de construção para os países do Golfo, o levantamento mostra uma retração de 36,6% entre janeiro e julho de 2008 e no mesmo período de 2009, sendo maior do que a queda no total de exportações do setor para o mundo, que atingiu 24,35% na mesma época. No entanto, para Kuwait e Catar, as exportações do Brasil apresentaram resultados positivos, crescendo 42,2% para o primeiro e 13,5% para o segundo.
Ulisses Pimenta, analista da Apex Brasil, destaca que, apesar destes resultados não muito favoráveis, em 2010, os países do Golfo voltarão a crescer em níveis razoáveis, como o Catar, a uma taxa de 10%, além de Emirados Árabes e Arábia Saudita, com cerca de 4%, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Ele ressalta os mercados dos Emirados Árabes e da Arábia Saudita como importantes para as exportações brasileiras. O primeiro por servir como intermediário de compras para outros países da região, e o segundo por sua grande população e alto índice de natalidade, fatores que favorecem o setor de construção.
Para Pimenta, o acesso aos mercados árabes é uma questão de longo prazo. “Não se entra em um mercado de um dia para o outro, é preciso conhecê-lo”. O analista também chama a atenção para a força do mercado interno dos países do Golfo, que os ajudou a suportar melhor a crise.
Em relação às oportunidades para as empresas brasileiras do setor de construção, Pimenta enfatiza a importância de se investir na região. “É importante que o Brasil invista no setor de construção civil. É um setor dinâmico e existe muita demanda. O Brasil precisa inserir seus produtos naquele mercado”, completa

