São Paulo – A Good Alimentos, frigorífico localizado na cidade de Coronel Freitas, Santa Catarina, está prestes a se tornar a primeira empresa brasileira a exportar carne de codornas para os países árabes.
A ideia é realizar os primeiros abates e exportações entre a metade e o final de abril, de acordo com o presidente da Villa Germânia e da Good Alimentos, Marcondes Moser. “O primeiro importador da Good Alimentos será o mercado do Oriente Médio, chegando ao Catar, Emirados Árabes e Kuwait”, afirmou ele à ANBA.
As primeiras vendas para os árabes foram feitas durante a feira Gulfood, realizada em fevereiro de 2023 em Dubai, Emirados Árabes Unidos, e da qual a empresa participou como parte do pavilhão organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
Para começar a exportar, a companhia precisou receber o Selo SIF (Serviço de Inspeção Federal) e a certificação halal. O selo foi concedido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em janeiro de 2023. Dois meses depois, veio a certificação halal. A última etapa antes de enviar as aves é alocar o veterinário no espaço para seguir com a produção efetiva de exportação.
“Depois de requisitar o selo ao Mapa, mandamos projetos para o ministério até receber o aval dele. Depois disso, investimos cerca de R$ 2 milhões para adequar, basicamente, a unidade de produção e o abatedouro. Quando tivemos a aprovação, seguimos para auditoria para obter o halal”, conta Moser.
Para conseguir a certificação halal, a empresa brasileira precisou seguir algumas regras de abate e processo do rito islâmico, como, por exemplo, colocar o sangrador virado para Meca, cidade sagrada do islamismo que fica na Arábia Saudita. Quando tudo estava pronto, o fiscal da certificadora Fambras auditou e deu a certificação.
Apesar de ser quase três vezes mais cara do que o frango, o consumo da carne de codornas fazem parte da cultura dos árabes. “Elas são um item de nicho, por isso não são consumidas no dia a dia”, diz Moser.
Produção e exportação
Quando foi criada em 2017 por Valmor Masson, atual diretor administrativo da empresa, e pela família Cavazzoto, a Good Alimentos abatia de cinco mil a seis mil codornas por dia para fornecer principalmente para os mercados da região sul do Brasil, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, e alguns estados da região nordeste como Bahia, Pernambuco e Piauí.
Em seis anos, a produção saltou para 15 mil por dia, cerca de duas toneladas. Com o início das exportações, a quantidade deve quase dobrar até o final de 2023: 25 mil abates, isto é, cerca de 3,5 mil toneladas por dia. Para atender essa demanda, o local conta com 60 funcionários. No futuro, Moser explica que deve aumentar ainda mais a capacidade do frigorífico de abate para 40 mil codornas, ou seja, cinco mil toneladas de aves por dia.
A médio prazo, as exportações da Good Alimentos devem chegar à Ásia, em países como Japão e Cingapura, e também à Europa e às Américas, indo para os Estados Unidos e Canadá. Ao todo, serão de 20 a 30 países atendidos pela empresa brasileira.
Atualmente o frigorífico é controlado pela XWR Investimentos, que comprou 76% de suas ações. Além da Good Alimentos, a holding também é sócia majoritária da Villa Germânia, empresa exportadora de patos, galinha d’ angola, frangos orgânico e caipira, localizada na cidade de Indaial, Santa Catarina.
Relacionamento com árabes
Apesar das primeiras vendas de codornas para o mercado árabe terem acontecido apenas em 2023, o vínculo entre os brasileiros e os árabes vem de muito tempo atrás. A XWR Investimentos aproveitou das conexões comerciais da Villa Germânia para colocar a Good Alimentos na linha de frente como exportadora. “A Villa Germânia exporta patos para os árabes desde 2006, por isso ficou fácil para agregar esse novo produto para eles também”, disse Marcondes.
Além disso, a holding também vai aproveitar o relacionamento entre Villa Germânia e os consumidores do Oriente Médio, para chegar com as exportações da Good Alimentos. Toda a produção será feita pela empresa de Coronel Freitas, mas os selos impressos nas embalagens das codornas serão da Villa Germânia, para gerar reconhecimento e confiança.
Até hoje a Villa Germânia já chegou a muitos destinos, entre eles, Catar, Emirados Árabes, Kuwait, Arábia Saudita, Japão, Cingapura, Angola, Chile, Argentina, Hong Kong, Ilhas Maurício e Cabo Verde.
Moser explica que como o Brasil tem uma grande expertise em exportação de aves, a Villa Germânia entrou no fluxo visitando feiras e fazendo network com importadores. “A codorna chega para fazer parte de todo o mix de produtos que a investidora está deslumbrando, transformando isso em uma plataforma de exportação, agregando mais um produto nobre as nossas proteínas gourmet”, afirma.
Reportagem de Rebecca Vettore, especial para a ANBA