São Paulo – O Ministério do Meio Ambiente apresentou o projeto de concessão de parques nacionais na Wetex, feira dos setores de água, energia, tecnologia e meio ambiente em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que terminou nesta quarta-feira (23). Representando o órgão governamental estava o secretário de Ecoturismo do ministério, André Germanos (na foto acima, à esq.). Ele informou à ANBA que o governo prevê a abertura de concessão de seis parques nacionais até o final do ano que vem para empresas brasileiras e estrangeiras.
“Até o fim deste ano, estamos trabalhando em três concessões no Sul do País. Serão a Floresta Nacional de Canela (RS), a Floresta Nacional de São Francisco de Paula (RS) e o Parque Nacional da Serra Geral (divisa RS-SC). Para o segundo semestre do ano que vem, no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos do governo federal (PPI), três unidades de concessão já estão incluídas. Serão o Parque Nacional do Iguaçu (PR), o Parque Nacional de Jericoacoara (CE) e o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (MA)”, contou Germanos.
Segundo ele, estes são parques icônicos que têm uma visitação substancial. “Iguaçu tem dois milhões de visitantes anuais, Jericoacoara 800 mil, e Lençóis, quase meio milhão de visitas anuais. Com isso, o investidor entra com um nível de visitação bastante interessante e nós esperamos investimentos substantivos nessas unidades”, disse o secretário.
Germanos informou que a participação na Wetex foi importante para entender que “esse tipo de investimento sustentável se encaixa sim no portfólio de várias empresas, fundos e Family offices, que têm cada vez mais uma preocupação ambiental”. “São investimentos sustentáveis e que têm um bom retorno”, afirmou.
O Brasil tem 334 parques nacionais e, segundo o secretário, vários deles têm visitação estabelecida, e alguns poucos já estão concedidos para a iniciativa privada. “O governo quer expandir e melhorar esse modelo de concessões, deixando-as mais atrativas e com mais liberdade criativa para os investidores, e que o concessionário possa investir de maneira eficiente e rápida, com as melhores práticas, equipamentos e ideias, para transformar esses parques em grandes polos de conhecimento, educação ambiental e entretenimento, com atividades de ecoturismo”, falou.
O objetivo do governo, de acordo com Germanos, não é fazer caixa. “Estamos propondo um sistema de concessão sem outorga. Isso quer dizer que o investidor não vai pagar nada para o governo para ganhar a concessão. E não terá também a outorga nos ingressos, no fluxo de caixa do investimento, não vamos pedir outorga nas receitas do parque. O que queremos é que o investidor se comprometa com um nível mais elevado e substancial de investimentos no curto prazo. Nos primeiros três anos da concessão, queremos que os investimentos mais pesados sejam feitos para que o parque receba todo esse impacto positivo logo de cara e, com isso, consiga aumentar a visitação e realmente desenvolver toda a região das unidades de conservação dos parques nacionais”, informou.
Germanos afirmou que por trás do projeto de concessões existe um estudo que comprova que quanto maior a visitação, mais conservação haverá nos parques. “Estamos agindo baseados na convicção de que quem visita, conserva. Uma vez que há visitação, a pessoa começa a entender e se aproximar da natureza, e isso gera conhecimento e educação ambiental. Dessa maneira nós conseguimos fazer com que as pessoas se conectem com os parques, e aquilo se torna algo relevante e importante para vida delas”, declarou.
O secretário disse que a intenção é que as concessões tragam mais visitação e, por consequência, mais desenvolvimento socioeconômico para o entorno dos parques. “Temos unidades de conservação por todo o Brasil e em grande parte dos casos, os parques, florestas e reservas são o único modo de trazer desenvolvimento socioeconômico para as comunidades do entorno. É um grande círculo virtuoso. Uma concessão bem feita, com investimentos feitos sempre respeitando os planos de manejo, os zoneamentos dos parques e todas as regras ambientais, dessa maneira nós conseguimos fazer com que a natureza e esse patrimônio sejam de fato melhor preservados”, concluiu.
Wetex
A Câmara de Comércio Árabe Brasileira participou da Wetex com estande pelo segundo ano consecutivo e pela primeira vez teve a presença de um ministério. Segundo a gerente de Relações Institucionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar, o evento apresentou resultados positivos. “É importante ter essa chancela do governo pra que se possa verificar e trabalhar cada vez mais nesse setor, e poder inserir o Brasil nesse nicho que vai impactar cada vez mais as economias”, disse. Segundo a executiva, apesar de a feira não ter um grande fluxo de pessoas, os contatos são de qualidade. “Foram pessoas qualificadas, técnicos no assunto de energias renováveis e tomadores de decisão”, contou.
Segundo o chefe do escritório internacional da Câmara Árabe em Dubai, Rafael Solimeo, a Wetex trouxe contatos importantes tanto para o Ministério do Meio Ambiente quanto para a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). “Em geral, a feira foi muito próspera para ambas as entidades. Fomos visitados por empresas dos Emirados Árabes, de outros países da região do Golfo e do Norte da África, e também da Europa”, relatou.