Da redação
São Paulo – Um dos objetivos centrais do governo saudita vem sendo o de aumentar a participação da iniciativa privada na economia. Para isso, no ano passado, o Ministério de Finanças do país concedeu a empresas privadas quase 3 mil contratos para projetos em diversos setores que somaram US$ 10 bilhões. O valor é 6% superior ao registrado em 2002, de acordo com dados publicados pela revista local Saudi Economic Survey.
Além disso, a estatal de energia Saudi Electricity anunciou que quer a participação de empresas privadas em 21 obras de geração e transmissão de energia que totalizarão investimentos de cerca de US$ 15 bilhões. A intenção foi apresentada a empresários no início deste mês, durante reunião na Câmara de Comércio e Indústria de Jidá, principal centro econômico do país.
Para o presidente da estatal, Suleiman Al Qadi, a reunião representou "um grande passo para integrar o setor privado às oportunidades de investimento abertas nos segmentos de geração e transmissão de energia". Ele acrescentou dizendo que a indústria de energia é uma das que mais precisam de recursos privados.
O cálculo feito pela empresa indica que serão necessários investimentos de pelo menos US$ 15 bilhões para atender à demanda crescente do país. Também está prevista a implementação de projetos que atendam às necessidades do setor pelos próximos 25 anos, afirmou Al Qadi.
De hospitais a combustíveis
Os contratos abertos à iniciativa privada pelo Ministério de Finanças incluem cerca de dez setores. Apenas no segmento de limpeza e operação, foram feitas 1,2 licitações, no valor total de US$ 3,5 bilhões. O governo também gastou US$ 610 milhões na compra de remédios, alimentos e combustíveis e US$ 640 milhões me projetos urbanos e rurais.
A construção de escolas e outras unidades de ensino consumiu US$ 1,2 bilhão e obras em hospitais e postos médicos, US$ 370 milhões. Empresas privadas também atuaram em projetos estatais de água e esgoto e redes de comunicação. Hoje, apenas um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) saudita é gerado pela iniciativa privada.
Outro objetivo do governo ao incentivar uma maior participação do setor privado é diversificar a economia, já que, atualmente, cerca de metade do PIB é garantido apenas pelo setor petrolífero. O país tem a maior reserva de petróleo do mundo, de 261 bilhões de barris.
Investimentos japoneses
A Arábia Saudita também vem buscando recursos estrangeiros. Nesta semana, durante a conferência de negócios entre empresários japoneses e sauditas, que aconteceu na capital Riad, o ministro de Economia e Planejamento, Khaled Al-Gosabi, pediu aos representantes do Japão que invistam no país, especialmente nos setores de Tecnologia da Informação (TI), petroquímica e energia.
O ministro disse ainda que a meta do governo é atingir uma taxa de crescimento de 30% do PIB entre 2005 e 2009. "O objetivo é fazer da Arábia Saudita um centro internacional de refino de petróleo, exportação de produtos petroquímicos, minerais e metais e um pólo regional de tecnologias industriais avançadas", declarou, de acordo com informações da agência de notícias Arab News.
Participaram do evento de negócios o ministro de Economia, Comércio e Indústria do Japão e o embaixador japonês na Arábia Saudita, além de representantes do governo árabe e mais de 100 empresários dos dois países.
Khaled Al-Gosabi disse ainda esperar que as "companhias japonesas percebam as vantagens de se associar a empresas sauditas para investir, não só na Arábia Saudita, mas no mercado árabe". "Dessa forma, é possível diminuir riscos e também ampliar o conhecimento sobre a nossa região".
O Japão é hoje o segundo maior parceiro comercial do país – o primeiro lugar é dos Estados Unidos. Mas o ministro lembrou que, nos últimos anos, a Saudi Arabian General Investment Authority (Sagia), órgão do governo criado em 2000 para regular os investimentos privados, licenciou 2,1 mil projetos de investimentos de 61 países na Arábia Saudita, no valor total de US$ 15 milhões. Desses, informou, apenas 10 eram japoneses.
Companhia área privada
Para os próximos anos, estão nos planos do governo saudita a privatização dos setores de energia e telecomunicação e de todos os aeroportos do país e a criação de uma empresa aérea privada. Em 2003, o país anunciou um plano de desestatização avaliado em US$ 13 bilhões.
Para lidar com o maior fluxo de recursos externos, planeja-se também a criação de uma comissão de securitização, que irá também estabelecer as normas para esse segmento, que ainda é novo no país.

