Da Agência Brasil
Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem (13) que existe total disposição dos governos brasileiro e mexicano para trabalhar por um acordo de livre comércio entre o Mercosul e o México e permitir um aprofundamento maior do intercâmbio comercial entre o bloco e o país da América do Norte, inclusive com liberalização na área de serviços.
"Há total reciprocidade de intenções. É prioridade dos presidentes Vicente Fox e Lula fechar um acordo de livre comércio entre Mercosul e México, o que permitirá uma oportunidade recíproca de abertura de mercados em diversos campos", afirmou Amorim.
O chanceler recebeu em Brasília o ministro das Relações Exteriores do México, Luis Ernesto Derbez, com quem iniciou também as negociações para ampliar a lista de produtos que fazem parte do Acordo de Complementação Econômica n° 53 (ACE-53) entre Brasil e México.
Essa é a primeira visita do ministro Derbez ao Brasil durante o governo Lula. O presidente brasileiro já esteve no México várias vezes, uma delas em visita de trabalho após a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro do ano passado.
Em janeiro deste ano, Lula esteve em Monterrey para participar da Cúpula das Américas. Em maio próximo, o presidente viajará a Guadalajara para participar da III Cúpula América Latina e Caribe-União Européia.
Amorim e Derbez concordaram em criar uma Comissão Binacional interministerial para tratar de assuntos de interesse dos dois países. A primeira reunião da comissão será realizada no segundo semestre deste ano, possivelmente com a presença do presidente Fox, que deve realizar visita de trabalho ao Brasil.
OMC
O ministro Celso Amorim declarou, após encontro com o chanceler mexicano, que a posição do governo brasileiro frente à Organização Mundial do Comércio (OMC) é prioritária e que não há hipótese de o Brasil abrir mão dos objetivos do G-20 em função de acordos bilaterais, nem mesmo com a União Européia.
O G-20 é o grupo de países em desenvolvimento que defende na OMC maior liberalização do comércio agrícola e o fim dos subsídios nos países desenvolvidos.
"É na OMC que estão as negociações dos subsídios agrícolas à exportação e não há hipótese de o Brasil abrir mão dos objetivos do G-20. Brasil e México são membros do G-20 e membros da coalisão da nova agenda no que diz respeito ao desarmamento nuclear. Os dois países demonstram a importância dessa relação bilateral e como ela se reflete em benefício de outros países em desenvolvimento", disse Amorim.
Segundo o chanceler brasileiro, Brasil e México compartilham de uma visão otimista em relação às negociações da organização Mundial do Comércio (OMC) e à posição adotada pelo G-20. Durante o encontro, Amorim e o chanceler Derbez ressaltaram a necessidade de avançar este ano as negociações da Rodada de Doha da OMC.
Celso Amorim destacou ainda que as negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) não estão estagnadas e assegurou que a data de conclusão marcada para 2005 será viável se os negociadores "se mantiverem fiéis ao espírito de Miami".
Imigração
Os dois governos concordaram ainda em cooperar na área consular e migratória, principalmente porque o México é área de acesso de estrangeiros para os Estados Unidos, que tem reforçado sua lista de países para os quais são exigidos vistos de entrada . Este ano, Brasil e México ratificaram o acordo de isenção de vistos para seus cidadãos. "Temos que lidar com essas questões sem restringir o intercâmbio de pessoas", afirmou Celso Amorim.
O Brasil irá participar em outubro deste ano, na Cidade do México, da primeira reunião para estabelecer um mecanismo de consulta sobre as questões migratórias e outros temas consulares.

