Da Agência Brasil*
Dubai (Emirados Árabes Unidos) – Uma série de elogios ao Brasil marcou a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Dubai, nos Emirados Árabes, neste final de semana. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, por exemplo, disse que o Brasil deve servir de modelo no cenário econômico internacional.
Snow qualificou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, como exemplos de liderança política no mundo atual, pois os dois são exceções notáveis que buscam soluções para os problemas da economia.
Investidores e analistas de bancos internacionais também engrossaram o coro de elogios ao Brasil. Eles afirmaram que, apesar da vulnerabilidade, por causa das dívidas, o país está criando condições para atingir um crescimento sustentável.
Apesar dos elogios, Palocci criticou duramente o protecionismo comercial dos países ricos. Segundo ele, o ritmo ainda tímido de recuperação da economia global deve-se à lentidão das grandes potências econômicas em resolver seus próprios problemas e em acelerar a redução do protecionismo.
O ministro fez ontem um duro discurso na assembléia anual do FMI, sugerindo que o Fundo deve exigir dos países ricos um ajuste estrutural tão rigoroso quanto o que exige dos países em desenvolvimento, como o Brasil, informou a GloboNews.
Segundo Palocci, os demais países se desanimam com o fato de ser lento o progresso dos ricos em implementar políticas que têm sido recomendadas há muito tempo pelo FMI, apesar deles terem "uma maciça fortaleza econômica, assim como capacidades técnicas e administrativas, e maiores responsabilidades globais".
"Isso é frustrante para aqueles que, como eu, vêm de um país em desenvolvimento que enfrenta altos índices de injustiça, desigualdade e muitas ineficiências, e que apesar disso luta para permanecer no caminho de um desenvolvimento econômico mais equitativo, sustentável e de responsabilidade social e desenvolvimento econômico", disse Palocci.
Críticas à Argentina
Enquanto o Brasil recebeu elogios, a Argentina foi alvo de duras críticas. A polêmica sobre o acordo de três anos – no valor de US$ 12,5 bilhões – do país com o FMI gerou dúvidas entre os vários investidores e representantes de países ricos que não esconderam seu ceticismo com o sucesso desse novo acordo.
Entre os compromissos assumidos pela Argentina está o de um superávit fiscal de 3% do PIB em 2004. O governo argentino deverá divulgar hoje, em Dubai, a sua carta de intenções para renegociação da dívida com credores do setor privado.
Para Palocci, o acordo entre a Argentina e o FMI é um fator positivo para o país. "É bom para o Brasil, para o Fundo, e para toda América Latina, que a Argentina arrume suas contas", afirmou.
Novo acordo
O Brasil iniciou em Dubai um diálogo formal com o FMI, visando a possibilidade de celebrarem um novo acordo. O atual termina em dezembro. Palocci teve uma conversa de hora e meia com o diretor-gerente do Fundo, Horst Köhler, na qual ficou acertado que uma decisão do Brasil – por um novo acordo ou não – será feita em fins de outubro.
A novidade é que o governo quer também a participação do FMI nesse processo de avaliação. Em breve será resolvido se, naquela época, uma equipe do Fundo irá ao Brasil, para isso, ou se Palocci irá a Washington.
*(com agências internacionais)