São Paulo – O diretor do Raheb Group, Shahram Raheb, veio para a 27ª edição do Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados, com um objetivo: vender Guaraná nos países do Oriente Médio. O refrigerante desenvolvido no Brasil em 1921 pela Antarctica ainda não é vendido no mundo árabe. Raheb é um dos 34 estrangeiros convidados pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para participar do evento organizado no Expo Center Norte, em São Paulo, pela Associação Paulista de Supermercados (Apas).
"Quero introduzir o Guaraná no mercado do Oriente Médio, que ainda não conhece esta bebida", afirma Raheb. Ele descarta a hipótese de importar o produto, pois o frete do Brasil para Dubai, sede da empresa, encarece o Guaraná e torna a venda inviável. Ele afirma que o ideal é estabelecer uma joint-venture (parceria) com a fabricante do Guaraná, a Ambev. "A ideia é importar o xarope, a essência de Guaraná e, a partir dele, produzir o refrigerante", diz. Ele visitou o estande da empresa, mas ainda deverá se reunir com o departameno de relações exteriores da empresa para fazer uma proposta. "Temos milhões de dólares para investir neste projeto", afirmou, sem, contudo, especificar qual seria o montante. A Ambev foi procurada durante a feira, mas não se manifestou.
Raheb acredita que o Guaraná tem chances de fazer sucesso nos países do Oriente Médio e da África porque eles já consomem uma bebida que, segundo ele, tem um sabor parecido. "Bebemos Orangina lá (um refrigerante feito com laranja) e o gosto é parecido com o do Guaraná. Nossa empresa engarrafa água mineral, trabalha com suco concentrado. Conhecemos este setor e temos tudo para fazer sucesso lá", afirma o empresário, que vem quase todos os anos ao Brasil.
Outro empresário que veio ao país para visitar a Apas e procurar negócios com os brasileiros é o libanês Fadi Abou Haidar. Ele veio ao Brasil atrair empresas para os países do Oriente Médio. Uma das companhias que representa é a Ali bin Ali, que atua no setor de varejo e vende desde refrigerantes até joias e relógios de luxo. "Os brasileiros precisam ver o Oriente Médio como um grande portão. A região tem um mercado consumidor grande e importante, mas é a porta de entrada para a Ásia, continente que tem países como Índia e China e com a maior população mundial", observa.
Só que, para fazer negócios com os árabes ou com os asiáticos, diz Haidar, os brasileiros precisam ser mais ágeis e menos burocráticos ao despachar seus produtos do porto. Assim, ganham competitividade. "Se fecho um contrato aqui no Brasil hoje, ele vai demorar 45 dias para ser embarcado, outros 30 dias em viagem em alto-mar e mais 45 dias para ser distribuído. Na Austrália, demora uma semana para que o pedido seja embarcado em um navio. Em Cingapura, o embarque do contêiner com o meu pedido é tão simples como embarcar um passageiro", compara.
Mesmo com os entraves logísticos enfrentados pelas empresas exportadoras, a tendência é que os brasileiros ganhem mercado nos próximos anos. O analista de negócios da Apex- Brasil que acompanha os estrangeiros nesta edição da Apas, Guilherme Machado, afirma que, neste ano vieram três vezes mais estrangeiros do que em 2010. Há 34 estrangeiros (12 trazidos pela Apas) na feira. No ano passado, vieram 10. "A tendência é que a cada ano venham mais empresários. O Brasil atrai gente porque está entrando em novos mercados. Todos os que trouxemos para cá representam empresas grandes, empórios, supermercados", afirma. Ele prevê que os estrangeiros comprem, durante a feira, que acaba na quinta-feira (12), US$ 5 milhões em produtos. "Mas, nos próximos 12 meses outros US$ 20 milhões decorrentes de contratos deste evento deverão ser comprados", diz.
Embora empresas da América Latina ainda sejam as maiores parceiras das brasileiras neste setor, diz Machado, as estrangeiras de outras regiões do mundo ganham espaço. "A Apex-Brasil tem sete escritórios fora do país (Estados Unidos, Rússia, China, Cuba, Angola, Dubai e Bélgica). Empresários da África, Oriente Médio e Europa são os que se mostram mais interessantes", diz.